Para onde caminha a ufologia?

Uma surpresa marcou o início, na quinta-feira, do Diálogo com o Universo I e 27.º Congresso Brasileiro de Ufologia Científica, que se encerram neste domingo em Curitiba: a inesperada despedida do coordenador do evento, Rafael Cury, que também preside o NPU – Núcleo de Pesquisas Ufológicas, com sede no Paraná, e a Associação Nacional dos Ufólogos do Brasil – ANUB. Depois de vinte anos de intensa atividade, ao lado dos irmãos Romio e Elizabeth, Rafael está deixando a ufologia. Entende haver cumprido a sua missão na difícil tarefa de desvendar o mistério dos óvnis e ETs, e está coberto de razão, pois se não conseguiu exibir em praça pública, ao vivo e a cores, um daqueles seres pequeninos, cabeçudos e de grandes olhos negros, que têm desafiado governos e cientistas em todo o mundo, fez muito pela ufologia nacional. Mais do que qualquer outro, sem a menor dúvida.

Idealista e batalhador

Conheço Rafael Cury desde que ele começou a se interessar pelo tema, no início dos anos 80. Era quase um menino, mas sempre tratou o assunto com a maior seriedade. Foi “aluno” de Carlos Alberto Reis e de Jaime Lauda, então dois dos mais importantes estudiosos do fenômeno UFO no Brasil. Como colegas de classe tinha, então, entre outros, dois jovens apaixonados pela matéria: Daniel Rebisso Giese, um dos descobridores da ocorrência “chupa-chupa” na Região Amazônica, e Ademar José Gevaerd, que viria a tornar-se o mais importante editor de revistas sobre ufologia do país (Ufo, sucessora de Ufologia Nacional & Internacional e Psi-Ufo, está na 86.ª edição e é hoje, muito provavelmente, a mais completa e respeitada publicação do gênero no mundo). Como mentores de seu trabalho, Rafael elegeu Irene Granchi e o general Moacyr Uchoa, dois ícones da pesquisa ufológica brasileira.

Acompanho de perto o trabalho de Rafael Cury nesses anos todos. Ele sempre foi um idealista. Idealista e batalhador. Colocou Curitiba no cenário ufológico e tornou-a palco dos maiores e mais conceituados eventos (no total, mais de 50 congressos, simpósios e seminários) sobre a realidade UFO, alguns dos quais de caráter internacional, com a presença de personalidades do quilate de J. Allen Hynek, Stanton Friedmann, Budd Hopkins, John Carpenter, Cynthia Hind, Donald Keyhoe, Wendelle Stevens, David Jacobs, J.J. Benitez, Whitley Strieber, Grahan Birdsall, Roberto Pinotti, Giorgio Bomgiovanni, Derrel Simms e Roger Leir.

Mas o grande feito de Rafael foi, certamente, o I Fórum Mundial de Ufologia, realizado em Brasília, em dezembro de 1997, no ParlaMundi, da LBA. Até hoje considerado o maior evento da ufologia mundial de todos os tempos, contou com a presença de cerca de setenta conferencistas nacionais e internacionais e culminou com a feitura de um documento, a Carta de Brasília, em português e inglês, entregue às autoridades federais, pedindo o urgente reconhecimento do fenômeno UFO como um fato real. Se nenhum resultado teve do governo neoliberal brasileiro, ajudou que outros governantes, como os da França, da Bélgica, do Chile e do Paraguai tomassem essa corajosa atitude.

Outra façanha do jovem Cury foi ter comparecido ao Programa do Jô, da Rede Globo, para tratar de um assunto delicado e propício a chacotas e ter “enquadrado” o robusto apresentador. Foi uma das poucas entrevistas que teve conteúdo e mereceu aplausos do próprio Jô Soares.

Se agora está colocando um ponto final em sua trajetória na pesquisa dos óvnis, Rafael tem os seus motivos e sabe o que está fazendo. Quem deve lamentar é a comunidade ufológica nacional. Contudo, de uma coisa o bravo soldado pode ter certeza: cumpriu a sua missão. Com louvor.

Como derradeira tarefa, Rafael Cury deve elaborar, ainda hoje, a Carta de Curitiba, um documento firmado pelos ufólogos presentes, que será encaminhado ao Congresso Nacional através do senador Osmar Dias.

Fim da linha?

Terá a ufologia, particularmente, a nacional, chegado ao fim da jornada? Estarão os ufólogos, depois de 50 anos de trabalho e pesquisas, andando em círculos? A casuística do fenômeno amarga estéril período de estagnação? É possível que sim. Talvez tenha razão o estudioso paulista Vanderlei D?Agostino, que considera os ufólogos carrascos da ufologia. Ou o paranaense Alcione Giacomitti, que advoga novo enfoque no estudo do enigma. De todo modo, como bem ressalta o editor A. J. Gevard, vários são os fatores a serem considerados na questão, “entre eles o de que são os nossos visitantes extraterrestres que estão no controle da situação e não nós”.

Cobaias humanas

O matemático, astrônomo, astrólogo e cabalista Ademar Eugênio de Mello, um dos mais conceituados pesquisadores das paraciências e o maior pensador do fenômeno UFO no Brasil, encerra, às 16 h deste domingo, o Diálogo com o Universo I e o 27.º Congresso Brasileiro de Ufologia Científica. Tema a ser abordado: Ancestrais das Estrelas.

Mas a grande atração do derradeiro evento promovido pelo bom Rafael Cury será o médico cirurgião, escritor e conferencista norte-americano Roger Leir (14 h), pioneiro na detecção e remoção cirúrgica de implantes extraterrestres inseridos no corpo de pessoas abduzidas por alienígenas. Leir é um dos diretores do Fund for Interactive Research in Space Technology e PhD em ciências, com uma militância de várias décadas em hospitais da Califórnia na pesquisa de um tipo muito específico de contato com ETs, nos quais as pessoas recebem milimétricas incisões, através das quais minúsculos aparelhos transmissores de natureza desconhecida são implantados com a finalidade provável de monitoramento.

Roger Leir será antecedido (às 11 h) por Luiz Gonzaga Scortecci de Paula, arquiteto, sensitivo, escritor, conferencista e um dos idealizadores dos Projetos Alvorada e Aldebaran, atualmente desenvolvendo a o projeto de implantação das ECO-Vilas.

Local: Auditório da Ordem Rasacruz, na rua Nigarágua, 2620, no Bacacheri.

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