O papa Bento XVI escreveu uma carta aos bispos do mundo, na qual explica a forma de a Igreja Católica lidar com o caso do prelado que negou o Holocausto. Mais recentemente, a excomunhão do polêmico religioso foi revertida pelo pontífice. A carta, escrita em vários idiomas, será difundida na quinta-feira (12) pela assessoria de imprensa da Santa Sé. O bispo inglês Richard Williamson, até pouco tempo residente na Argentina, em entrevista a uma emissora sueca em janeiro, negou que tenham sido mortos seis milhões de judeus pelos nazistas.

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Williamson também duvidou da existência das câmaras de gás. O jornal romano Il Foglio afirmou que o papa reconhece na carta que foram cometidos “erros” na condução do caso. As explicações ocorrem depois do anúncio da visita do religioso a Israel em maio, durante uma peregrinação pela Terra Santa. As relações com os judeus já estavam tensas após Bento XVI qualificar o papa Pio XII como um “grande” homem da Igreja.

Grupos judaicos e outros estudiosos questionam a atuação de Pio XII para conter o Holocausto quando era papa, mas a Santa Sé afirma que sua diplomacia discreta salvou muitos judeus. Williamson disse a uma emissora sueca que morreram entre 200 mil e 300 mil judeus nas mãos dos nazistas e que não havia câmaras de gás nos campos de concentração.

Pouco após a entrevista, Bento XVI anulou a excomunhão de Williamson, como parte de suas medidas para trazer fiéis do movimento ultraconservador do falecido arcebispo Marcel Lefebvre. A medida papal provocou indignação, não somente entre os judeus, mas também entre bispos alemães.

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No mês passado, Williamson se desculpou pelo “dano causado” pelos comentários, mas não se retratou. Ante as críticas, o Vaticano exigiu que o religioso se “distanciasse de maneira absoluta e inequívoca” da negação do Holocausto. Williamson foi ainda expulso da Argentina por problemas com seu visto e retornou à Grã-Bretanha.