Otan adverte que haverá reação se Assad usar armas químicas

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, advertiu nesta terça-feira o regime sírio de Bashar Al-Assad que o uso de armas químicas seria “completamente inaceitável” e poderia desencadear “uma reação imediata” da comunidade internacional.

Rasmussen disse, em entrevista coletiva hoje antes do início da reunião de ministros das Relações Exteriores da Aliança em Bruxelas, que o arsenal de armamento químico sírio é motivo de “grande preocupação” para a Otan.

“Sabemos que a Síria possui mísseis e armamento químico. Por isso é de extrema importância assegurar uma defesa e uma proteção efetiva de nosso aliado turco”, afirmou o político dinamarquês.

Rasmussen se referia a um dos assuntos centrais da agenda da reunião que os 28 ministros das Relações Exteriores aliados realizam hoje e amanhã em Bruxelas, como o desdobramento de mísseis do tipo Patriot na fronteira turca com a Síria para prevenir um possível ataque de Damasco.

“Espero que Alemanha, Holanda e Estados Unidos possam realizar efetivamente o desdobramento dos Patriot em algumas semanas na Turquia”, completou Rasmussen, que também assinalou que “o objetivo desse desdobramento será assegurar uma defesa efetiva do território e da população turca”.

Inicialmente, o envio dos mísseis ficará por conta dos Estados Unidos, Alemanha e Holanda, os três países da Aliança Atlântica que dispõem atualmente desse tipo de arma, os quais já deram “indicações” de que contribuiriam com o operacional em resposta ao pedido feita pela Turquia.

Em sua chegada ao quartel-general aliado em Bruxelas, o ministro das Relações Exteriores da Holanda, Frans Timmermans, declarou que “a ideia da Holanda é apoiar a Turquia”, ressaltando que antes seu governo precisa levar essa proposta ao Parlamento.

A chegada dos mísseis ainda pode demorar algumas semanas, mas o plano é que essa capacidade seja articulada o quanto antes para proteger a população da ameaça que representa a guerra na Síria, de onde partem os projéteis que atingem o território turco.

“Uma vez que se tenha adotado a decisão política, será realizado o desdobramento prático”, apontou Rasmussen, que também indicou que “essa implementação dependerá de determinados aspectos práticos que serão resolvidos em um futuro próximo. Não posso dar uma data exata, mas posso dizer que será daqui algumas semanas”, completou.

O plano da Otan para defender a Turquia, que se mostra unicamente defensivo, recebeu fortes críticas da Rússia (um dos poucos aliados que ainda defende o regime de Damasco), que considera que a medida pode gerar mais tensão na região.

Os ministros das Relações Exteriores aliados terão hoje a oportunidade de defender o desdobramento dos mísseis perante seu colega russo, Sergei Lavrov, com quem manterão um almoço de trabalho antes do início da reunião formal às 11h (de Brasília).

As relações entre Rússia e Aliança ainda são tensas por suas diferenças sobre o escudo antimísseis que a Otan desenvolve sobre a Europa, apesar de que as duas partes cooperarem em uma série de âmbitos.

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