Oposição síria aprova transição sem ditador e partido do regime

Os principais grupos da oposição síria aprovaram hoje, no Cairo, um projeto de transição política para o país que exclui o ditador Bashar al Assad e dissolve o partido do regime, o Baath. A proposta difere da apresentada pelas potências no último sábado, em que há participação de membros do atual governo.

Após três meses de divisão, o grupo concordou em elaborar um documento de transição. Os pontos aprovados são a destituição de Assad e do Parlamento e a formação de um Executivo integrado pelos opositores, neutros e aliados do regime que não estejam envolvidos em desvio de verbas ou na repressão aos protestos.

Ao assumir o novo gabinete, será dissolvido o Baath e seus bens serão confiscados, assim como as posses do alto escalão do atual regime, além de seus familiares. Em seguida, grupos opositores se reunirão para formar um Legislativo temporário, que autorizará uma ata institucional.

A casa provisória também nomeará o governo, que será responsável por convocar eleições parlamentares. O novo Legislativo fará a nova Constituição e sua maioria formará o Executivo.

Segundo o projeto da oposição, as Forças Armadas serão formadas por integrantes do Exército Livre Sírio, que tentarão chegar a um entendimento com o comando das tropas de Assad que não estejam envolvidos nas ações de repressão para regular um cessar fogo e manter a paz social.

As duas forças formarão um conselho de segurança, responsável por reestruturar as Forças Armadas e desmontar as milícias pró-Assad, chamadas de shabiha.

Consenso

Esta é a primeira vez que a oposição síria consegue se reunir e formar um consenso sobre a transição política no país. Nas reuniões anteriores, os dois principais grupos, o Conselho Nacional Sírio, que representa os expatriados, e o Conselho de Coordenação Nacional, da oposição interna, não conseguiram acordo.

O acordo é diferente da proposta dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) com o enviado especial à Síria, Kofi Annan, que previa a criação de um governo com representantes da oposição e do regime.

No domingo, o porta-voz do Conselho Nacional Sírio, Emad Hosari classificou como “surrealista” a criação de tal gabinete já que, em sua opinião, os sírios seguem se opondo ao regime de Bashar al Assad enquanto continuam os confrontos no país.

Segundo Hosari, o objetivo da reunião é demonstrar a unidade da oposição e do povo sírio em geral, frente à postura do regime, que fala de uma “guerra” no país.

Voltar ao topo