Juízes, desembargadores, artistas e políticos do Rio lançaram manifesto contra o que classificam de ?políticas de extermínio? adotadas pelo governador Sérgio Cabral (PMDB). O movimento é capitaneado pelo músico Marcelo Yuka, que ficou tetraplégico ao ser atingido por bala perdida. O documento foi assinado por 105 pessoas ou entidades e será entregue ao observador da Organização das Nações Unidas (ONU) Philip Alston, relator para os crimes de execução sumária.

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?Tem uma coisa construída no imaginário popular que justiça deve custar vidas. Viemos aqui dizer que esse pensamento não é hegemônico. Além das ações no Complexo do Alemão e na Favela da Coréia, começaram a surgir opiniões que beiram o fascismo, como a que associa o combate à violência ao aborto. A sociedade civil não concorda com esse pensamento?, afirmou Yuka, no lançamento oficial.

Assinaram artistas como a atriz Letícia Sabatella, os músicos Jards Macalé, Gabriel, O Pensador, Beth Carvalho e Lobão, professores, sociólogos, advogados e políticos. ?Repudiamos e denunciamos a política de segurança pública fundada no confronto militar e, sem apreciarmos aqui eventual direito à interrupção de gravidez indesejada, entendemos que o aborto não pode ser tido como instrumento de política demográfica, de saneamento ou de eugenia?, diz um trecho.

O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que as ?pessoas têm o direito de se manifestar?, mas refutou as acusações, segundo sua assessoria. ?Nossa política não é de extermínio. Vamos receber a ONU, mas vamos lembrar que a polícia faz inúmeras ações sem auto de resistência (morte em confronto), com base na inteligência. O que queremos é devolver a tranqüilidade há muito perdida pelo carioca.?

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