As agências de ajuda estrangeiras pediram neste sábado (24) à junta que governa Mianmar que esclareça as regras para que operem nas áreas mais devastadas, no interior do país, pelo ciclone Nargis, que matou cerca de 78 mil pessoas e deixou outras 56 mil desaparecidas. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon visitou o país neste sábado e demonstrou confiança de que a junta militar colabore com as agências de ajuda. Mas alguns grupos mostram ceticismo. A concessão para que a ajuda estrangeira atue no interior do país foi dada ontem pelo governo, após três semanas de resistência da junta militar. Há interpretações de que a permissão visa a conseguir mais ajuda das 45 nações que irão se reunir numa conferência amanhã em Yangon, maior cidade comercial de Mianmar, para conseguir doações.

continua após a publicidade

As Nações Unidas lançaram apelo para obter uma ajuda emergencial de US$ 201 milhões ao país. O valor deverá subir, conforme os peritos acessarem o delta de Irrawaddy, região mais atingida pelo ciclone. Até o momento, as Nações Unidas receberam US$ 50 milhões em contribuições e cerca de US$ 42,5 milhões em promessas de ajuda, disse a porta-voz para o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas. A conferência em Yangon tem o apoio das Nações Unidas e de 10 países da Associação das Nações do Sudeste da Ásia, que comandam a organização da entrega de ajuda a Mianmar, um dos membros da associação. O governo de Mianmar estima que os prejuízos econômicos causados pelo ciclone cheguem a US$ 11 bilhões.

Alguns críticos dizem que a abertura do acesso ao interior do país à ajuda estrangeira distraiu a atenção do referendo constitucional realizado hoje em Yangon e nas áreas mais atingidas pelo ciclone. O restante do país votou em 10 de maio no referendo e a radio estatal disse que, apesar do atraso nas votações, a aprovação à constituição está garantida, com 92,4% votos a seu favor. "Estou mais preocupado com minha refeição diária", disse um homem de 45 anos que votou hoje no referendo e perdeu seu criadouro de peixes no ciclone.

continua após a publicidade