Investigadores de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) pediram que o presidente dos EUA, Barack Obama, divulgue um “relatório completo” com detalhes das práticas de interrogatório usadas pela Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês).

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Em uma carta aberta direcionada a Obama, os seis especialistas da ONU afirmaram que a publicação do relatório teria consequências de alto alcance. “Vítimas de tortura e defensores de direitos humanos em todo o mundo vão se sentir encorajados se os EUA assumirem uma posição forte a favor da transparência. Do contrário, se os EUA cederem às demandas da CIA por continuidade do segredo neste tema, aqueles que resistem a prestar contas certamente irão usar esta decisão para reforçar suas agendas em seus próprios países”, diz a carta.

Um comitê do Senado investiga desde 2009 milhões de páginas de documentos da CIA sobre práticas de interrogatório da agência. No final de 2012 foi aprovada a divulgação de um relatório em abril de 2014, o que não aconteceu, em grande parte devido às demandas da CIA para que o documento seja editado de forma a ocultar nomes e padrões de comportamento que eram cruciais “no sistema de violações que precisa ser entendido e corrigido”, diz a carta aberta.

Os investigadores, incluindo um norte-americano e três latino-americanos que trabalham em universidades dos EUA e que atuam em áreas como tortura, execução arbitrária e liberdade de expressão, disseram que outros países estão acompanhando a questão de perto.

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Embora os especialistas tenham elogiado a decisão de Obama de encerrar um programa de interrogatório da CIA acusado de torturar detentos, eles recomendaram que o líder americano também atuasse para o reconhecimento e reparação de outras violações que ocorreram sob os mesmos programas da agência, incluindo detenções arbitrárias e desaparecimentos forçados.

Os especialistas lembraram ainda que cada parte da Convenção das Nações Unidas contra a Tortura tem a obrigação de prontamente investigar relatos críveis de tortura, garantir que os crimes sejam investigados e fornecer soluções adequadas às vítimas.

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