ONU pede ação internacional “efetiva” contra Síria

A alta-comissária de Direitos Humanos das Nações Unidas, Navi Pillay, conclamou ontem a comunidade internacional para que adote medidas para frear o massacre de civis sírios. “À luz da manifesta falha das autoridades sírias em proteger seus cidadãos, a comunidade internacional precisa tomar medidas urgentes e efetivas para proteger o povo sírio”, discursou Pillay na abertura da reunião do Conselho de Direitos Humanos sobre a situação na Síria.

Na mesma reunião, o Brasil recuou de sua intenção inicial de apoiar uma resolução que condenasse a repressão de Damasco. Um texto crítico às ações do regime de Bashar Assad acabou aprovado por ampla maioria – com base no relatório da comissão internacional liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro. O documento conclui que o regime de Assad cometeu crimes contra humanidade, como o assassinato e estupro de mais de 250 crianças.

Brasília, por seu lado, justificou o recuo na condenação à Síria sob o argumento de querer evitar que a situação dos direitos humanos na Síria seja usada como justificativa para uma intervenção militar, como ocorreu na Líbia. Enquanto países árabes tomavam a palavra para condenar a Síria, Brasília explicou, horas depois do fim da reunião, que é preciso “preservar um espaço mínimo para um diálogo”.

O Brasil, que neste ano é apenas observador no órgão, apoiou a convocatória da reunião de emergência. O Itamaraty fez saber nesta semana que, mesmo sem direito a voto, adotaria uma posição de “forte apoio” à condenação. Mas ontem o Brasil surpreendeu a ONU, diplomatas ocidentais e mesmo os árabes adotando um silêncio total.

Com 37 votos a favor, 6 abstenções e 4 votos contrários, o conselho aprovou a resolução que condena a Síria por violações e cria um mecanismo permanente de monitoramento da situação. Mas, em razão da profunda divergência entre as maiores potências, o texto da resolução foi esvaziado e a reunião acabou marcada pelo descompasso entre China, Rússia, Europa e EUA.

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