ONU acusa soldados congoleses por estupros em vilas

Centenas de soldados congoleses passaram por várias vilas no leste do Congo, estuprando mulheres e pilhando casas, denunciou nesta quarta-feira (12) a Organização das Nações Unidas (ONU). O porta-voz dos mantenedores de paz da ONU, coronel Jean-Paul Dietrich, relatou os crimes cometidos pelos soldados em violentos ataques nesta terça (11) perto da cidade de Kanyabayonga. Os soldados fogem da área de confronto com rebeldes do general renegado Laurent Nkunda.

Kanyabayonga fica 100 quilômetros ao norte de Goma, capital provincial. Segundo Dietrich, entre 700 e 800 soldados congoleses se refugiaram na cidade e depois foram pilhar outras vilas ao norte. “Eles pilharam veículos, pilharam algumas casas”, denunciou.

Já o vice-ministro de Relações Exteriores de Angola, Georges Chicoty, afirmou que seu país mobilizava tropas para o Congo. Porém não especificou quantos soldados participariam, nem no que consistiria a missão. Chicoty fez o anúncio à rádio nacional angolana, após participar de um encontro ontem, em Bruxelas, com ministros de Relações Exteriores da União Européia. Ele disse que as tropas angolanas seguiam para o Congo de acordo com determinações da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral e da União Européia.

Reforço 

Em Nova York, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu nesta terça um imediato cessar-fogo para que funcionários humanitários possam ajudar “pelo menos 100 mil refugiados cercados em áreas dominadas por rebeldes”. Segundo Ban, é necessário enviar rapidamente mais três mil soldados para ampliar a força de 17 mil homens da ONU no país. O Conselho de Segurança trabalha para aprovar a demanda do secretário-geral.

A crise explodiu no leste congolês desde o início da ofensiva liderada pelo general renegado Laurent Nkunda, em 28 de agosto. Nkunda mantém suas tropas perto de Goma e declarou um cessar-fogo unilateral. Milhares de moradores fugiram de suas casas, em meio aos conflitos esporádicos e à debandada de soldados congoleses.

A força da ONU fez pouco para evitar o avanço dos rebeldes, enfurecendo a população. O confronto no leste do Congo envolve a tensão étnica oriunda do massacre de 1994 de pelos menos 500 mil tutsis, na vizinha Ruanda. Nkunda diz que protege a minoria tutsi de milícias hutus que participaram do genocídio e depois fugiram para o Congo. Nkunda quer negociações diretas com o governo local, mas o presidente Joseph Kabila diz que aceita apenas negociar com todos os movimentos rebeldes da região juntos.