O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reiterou neste sábado a necessidade de tomar uma “ação significativa” para evitar mais tragédias como a do massacre de sexta-feira em Connecticut, que deixou 28 mortos, 20 deles crianças, e reabriu o debate sobre a posse de armas no país.

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Obama reforçou suas declarações de ontem em seu tradicional discurso dos sábados depois que o país assistiu ao segundo maior massacre de sua história.
Enquanto isso, algumas vozes voltaram a levantar-se sobre a regulação para o acesso às armas, como fez o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, que respondeu o presidente americano assegurando que as pessoas precisavam de mais que suas condolências, em referência às declarações que fez após o tiroteio, visivelmente emocionado.

“Escutamos o presidente Barack Obama expressar suas condolências às famílias em Newtown, Connecticut. Mas, o que o país necessita dele é de um projeto de lei que regule este problema”, disse Bloomberg, que copreside a associação “Prefeitos contra as Armas Ilegais” junto com seu colega de Boston, Thomas M. Menino.

As palavras de Obama não garantem que se abra um caminho rumo à regulação, mas o certo é que após massacres como este e o de Virgínia Tech em 2007, que deixou 33 vítimas, o fácil acesso às armas de fogo continua sendo uma das maiores causas de morte nos EUA.

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O editor da prestigiada revista “New Yorker”, David Remnick, pediu na edição desta semana ao líder americano que não atue “só como um pai” perante a tragédia ocorrida ontem em Conneticut, mas que o faça também como “presidente” e regule a posse de armas.

Remnick aponta que em estados como Ohio, Pensilvânia, Flórida e Colorado o debate sobre as armas é um assunto delicado, mas, após sua reeleição, assegurou que “agora é o momento” de Obama arriscar parte de sua aceitação nesses lugares “para salvar vidas”.

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congressista democrata por Nova York Carolyn McCarthy, conhecida por sua forte posição contra o livre acesso às armas, anunciou hoje que voltará a exercer pressão no Congresso americano para que haja uma nova legislação.

A Segunda Emenda da Constituição consagra o direito dos americanos à posse de armas e a Corte Suprema sempre decidiu a favor frente às tentativas de alguns estados e cidades de limitá-la.

O marido de Carolyn McCarthy morreu em um tiroteio em Long Island em 1993, uma tragédia que a motivou a iniciar sua carreira política.

Nos últimos anos Carolyn alçou sua voz após cada um dos massacres que o país sofreu (11 dos últimos piores 20 massacres dos últimos 50 anos ocorreram nos EUA), mas a legislação que tentou introduzir nunca foi bem recebida no Congresso.

Hoje, não somente políticos e jornalistas levaram o tema da regulação ao primeiro plano; também muitos cidadãos decidiram fazer sua parte para que, após esta tragédia, os EUA assumam “de uma vez por todas” a responsabilidade de legislar sobre a matéria.

No site da Casa Branca, na seção “We The People”, aberta aos pedidos dos cidadãos, ontem mesmo foi criada um abaixo-assinado para levar uma proposta de lei ao Congresso que regule o acesso das pessoas à munição e às armas de fogo.

Na tarde de ontem, uma centena de pessoas se reuniu na frente da Casa Branca para pedir ao presidente que dê um passo adiante na matéria sob o lema “Today is the Day” (Hoje é o dia), já que apesar não ser o maior massacre em números, comoveu o país pela morte de tantas crianças.

O suposto autor dos disparos, identificado como Adam Lanza, teria utilizado duas pistolas e um rifle calibre 233 que não lhe pertenciam, mas estavam registrados no nome de sua mãe, a quem teria matado antes de atacar à escola.

Os Estados Unidos são o país do mundo com mais civis com posse de armas, entre 270 e 300 milhões segundo as Nações Unidas, um número que a Associação Nacional do Rifle eleva para mais de 300 milhões.