Obama começa a desafiar McCain em feudos republicanos

O candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, começou nesta segunda-feira (9) a buscar votos em Estados republicanos e outros considerados cruciais para a disputa presidencial, ressaltando os contrastes de sua campanha com a do rival republicano John McCain.

O senador democrata decidiu adotar a economia como tema prioritário e, com o apoio dos eleitores que votaram em John Kerry em 2004, pretende converter a Carolina do Norte, a Virgínia e a Flórida em campos de batalha.

Com o encerramento oficial da campanha de Hillary Clinton no sábado, quando declarou apoio a Obama, o candidato democrata pôde acertar com assessores os detalhes de sua estratégia daqui para frente.

A direção de sua campanha decidiu atacar em duas frentes. A primeira delas visa a ampliar o mapa eleitoral do democrata, desafiando McCain em Estados tipicamente republicanos. A outra é trazer a economia para o centro do debate eleitoral. "Começa uma ofensiva em grande escala", afirmou o diretor de campanha de Obama, David Plouffe.

McCain planeja uma série de paradas em Virginia e na capital, Washington, em busca de doadores para financiar sua campanha para as eleições gerais de novembro. Ele precisará de ajuda para elevar sua verba e concorrer com a máquina de arrecadação de Obama, que levantou US$ 264 milhões em menos de um ano e meio, valor bem superior aos US$ 155 milhões arrecadados pelo republicano.

Hoje (segunda/9), Obama viajou para a Carolina do Norte, um Estado que não opta por um candidato democrata desde 1976, onde deve ressaltar suas propostas econômicas. Nas próximas duas semanas, ele deve proferir uma série de discursos e participar de reuniões em sedes de prefeituras. De lá segue para Missouri, onde a última vez que se votou por um democrata foi em 1996. Na semana passada, após assegurar a nomeação democrata, ele visitou a Virgínia, outro reduto republicano. Outro objetivo dessa ofensiva é forçar McCain a gastar mais em propaganda onde, em tese, não precisaria.

A campanha democrata ainda pretende seguir até Ohio, Pensilvânia e Flórida para levar a "mudança que funciona" ao eleitor. Para ganhar votos, ele pretende aproveitar a infra-estrutura de comitês de apoio e de arrecadação de fundos na maioria dos 50 Estados americanos durante a longa batalha pela nomeação democrata para tentar reduzir a vantagem de McCain nos redutos republicanos.

Além dos seguidos aumentos do preço da gasolina, um problema mundial que os democratas procuram atrelar à desastrosa política externa do presidente George W. Bush – em especial a guerra no Iraque -, a crise das hipotecas, o crescimento vertiginoso do déficit público americano e o aumento do desemprego no país (em maio ficou em 5,5%, meio ponto percentual a mais em relação a abril) reforçaram os argumentos de economistas de que o país caminha para uma recessão.

O candidato republicano aposta que o tema segurança, apesar do fiasco americano no Iraque, será decisivo na escolha do eleitorado do próximo ocupante da Casa Branca. McCain vai repetir à exaustão que Obama não tem a experiência necessária para ocupar o cargo de comandante-em-chefe das Forças Armadas. O republicano vem fustigando Obama sobre sua proposta de retirada das tropas americanas do Iraque (segundo ele, uma estratégia pouco clara e sob o risco de se perder o pouco que se conquistou) e de seu desconhecimento sobre política externa.

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