NY cura feridas do 11/9 com museu

Nova York, 27 – Por mais que olhemos para a nova torre do World Trade Center, superando o Empire State como o mais alto de Nova York, não dá para se enganar e achar que a nova silhueta de Manhattan tenha cicatrizado de uma vez por todas os acontecimentos de mais de dez anos atrás.

“Existe uma memória cultural de que os edifícios estavam aqui, pois não conseguimos apagar aquelas imagens de nossas lembranças”, diz o arquiteto Steven M. Davis, em uma frase que poderia ser atribuída a milhões de nova-iorquinos.

Sócio do escritório de arquitetura DDB, ele é o responsável pelo projeto do Museu do 11 de Setembro, que deve ser inaugurado no próximo ano. Com sua colega brasileira Anna Dietzsch, Davis acompanhou a reportagem em uma visita às obras no subterrâneo de onde estavam as torres cujos destinos alteraram a história do século 20.

De sua sala de reuniões no Soho, a poucos quarteirões do Marco Zero, os dois arquitetos puderam observar o desmoronamento das torres gêmeas há mais de uma década. Também viram pessoas se jogando pelas janelas para não morrerem queimadas. Dietzsch precisou ficar seis meses sem ir para casa, ao lado das torres. Depois, presenciaram a região do distrito financeiro de Manhattan transformar-se nos últimos anos em um canteiro de obras onde antes estavam os edifícios atacados pela rede terrorista Al-Qaeda.

Aos poucos, porém, esta parte de Manhattan começou a se revigorar com a reabertura de lojas e restaurantes e mesmo com a presença do movimento Ocupe Wall Street. Muitas instituições financeiras foram embora para Midtown. Antigos prédios comerciais foram convertidos em residenciais, com mais pais e carrinhos de bebê andando ao lado de homens de terno preto a caminho da Bolsa de Valores. O turismo também renasceu no Marco Zero.

Desde o ano passado, todos os dias milhares de pessoas, munidas de ingressos reservados com meses de antecedência na internet, aglomeram-se para visitar os espelhos d’água com as fontes, que servem de memorial para as vítimas do 11 de Setembro. O ritual é, atualmente, segundo a prefeitura, um dos passeios mais comuns para os milhões de turistas que visitam Nova York todos os anos, ao lado da Estátua da Liberdade, do Metropolitan Museum e do Central Park. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. (Gustavo Chacra, correspondente)

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