Nova droga pode matar em minutos

Rio – O consumo das chamadas club drugs, drogas sintéticas como ecstasy e ketamina, foram discutidas ontem por médicos, psiquiatras e psicólogos, no III Simpósio Internacional sobre Álcool e Outras Drogas, no Colégio Brasileiro de Cirurgiões, em Botafogo no Rio. A maior preocupação com essas drogas, usadas em festas, é seu potencial letal.

Introduzida este ano no Brasil, a GHB, sigla em inglês para gamahidroxibutirato, pode até matar em minutos. “Um dos grandes problemas do GHB é que a janela entre a dose que faz o efeito desejado e a letal é muito pequena”, diz a psiquiatra Analice Gigliotti, organizadora do simpósio. A droga provoca agitação, agressividade e depressão respiratória.

O público que consome as club drugs pertence às classes média e média alta, em razão do alto preço. No caso da GHB, originalmente um anestésico, assim como a ketamina, de uso veterinário, o preço da dose varia de R$ 30 a R$ 50 reais. Analice, que está realizando uma pesquisa sobre o uso de substâncias sintéticas, diz que a preferida é o ecstasy.

O consumo abusivo de anfetamina no País também preocupa muito. A mais recente pesquisa do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) revelou que 2% dos estudantes de 12 a 18 anos das dez maiores capitais do País fazem uso da substância – quatro vezes mais do que a média mundial, diz a psiquiatra Ana Cecília Marques, da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e outras Drogas. Entre adultos, a taxa sobe para 2,5%.

“Os estudantes, a grande maioria meninas, começam a consumir anfetamina para emagrecer. Depois continuam na idade adulta, pois ficam dependentes.” Segunda ela, embora a droga deva ser usada apenas no início da dieta e só em casos de obesidade mórbida, é receitada no Brasil de forma indiscriminada. “Encontramos dados que indicam que 80% das pessoas que procuram tratamento para fazer dieta recebem anfetamina dos nossos médicos. É um percentual avassalador”, avalia a psiquiatra, acrescentando que o País é um dos quatro maiores importadores da droga. “São 20 mil toneladas por ano”.

As causas para o alto consumo da substância no Brasil, diz Ana Cecília, ainda não foram alvo de pesquisa. Mas ela arrisca duas hipóteses: o culto ao corpo perfeito, disseminado na mídia, com a valorização de mulheres magras, e a falta de informação sobre os riscos das anfetaminas. “As pessoas não têm idéia dos efeitos devastadores. Elas são usadas como uma pílula mágicas, mas dão dependência, atacam o sistema cardiovascular, provocam danos no sistema nervoso central”, destaca, sugerindo a proibição da droga.

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