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Nicarágua é país que mais piorou em ranking da paz

O conflito causado da repressão do presidente Daniel Ortega aos protestos de opositores levou a Nicarágua a registrar o maior declínio no Índice Global da Paz (GPI, na sigla em inglês) que, no geral, pela primeira vez em cinco anos, registrou uma leve melhora global. A Islândia lidera a lista e o Afeganistão está em último entre os 163 países avaliados.

O ranking considera três principais critérios, chamados domínios: conflito em andamento, proteção e segurança e militarização, para cada um há uma pontuação específica. Segundo a avaliação, a Nicarágua caiu 54 posições e ocupa a 120.ª posição.

O relatório destaca um aumento da presença de forças “paramilitares” alinhadas ao governo desde o início do conflito, em abril de 2018. Desde então, a repressão já causou a morte de 325 pessoas, incluindo a estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima, e a prisão de mais de 700.

Na segunda-feira, o governo de Ortega aprovou uma lei de anistia que libertou, até ontem, 104 presos políticos. A lei também isenta os responsáveis pela repressão. Outros 386 detidos já haviam sido transferidos para prisão domiciliar.

As recentes medidas de Ortega, na avaliação do pesquisador Thomas Morgan, um dos responsáveis pelo índice do Instituto para Economia e Paz (IEP, na sigla em inglês), dificilmente reverterão a situação no país rapidamente. “Dada a crise na Nicarágua, eu não esperaria nenhum grande avanço este ano, talvez uma pequena recuperação”, afirmou Morgan, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Entre os presos políticos libertados estão os jornalistas Miguel Mora, proprietário e diretor do canal 100% Notícias, e a jornalista da emissora Lucía Pineda Ubao. Eles foram presos em dezembro, acusados de “fomentar e incitar o ódio e a violência”.

Luis Galeano, jornalista investigativo da emissora, recebeu a mesma ordem de prisão, mas conseguiu deixar o país e se exilar nos EUA. A perseguição a jornalistas no país, segundo explicou Galeano ao jornal, vem de longa data, pelo menos de 2007, e também pressionou empresários para que não anunciassem nos meios de comunicação que não eram pró-governo. “Havia um entendimento de que, se era independente, era inimigo.”

O estudo mostra que a Venezuela, que ocupa a 144ª posição e é o país menos pacífico da América do Sul, teve uma participação na deterioração da paz na Nicarágua. Com seu colapso econômico, Caracas reduziu drasticamente a ajuda para a Nicarágua, forçando cortes nos benefícios do governo e agravando a já instável situação econômica e política. “Uma conclusão que podemos tirar do GPI é que os países não podem se isolar. Os conflitos sempre terão consequências para os vizinhos e para a região”, afirma Morgan.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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