O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, prometeu nesta terça-feira, 10, anexar uma parte estratégica da Cisjordânia ocupada se for reeleito no dia 17. Ele disse que a medida proporcionaria “fronteiras permanentes e seguras” pela primeira vez na história de Israel. A decisão, no entanto, reduziria qualquer possível Estado palestino a um enclave rodeado pelos israelenses.

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“Se eu receber de vocês, cidadãos de Israel, um mandato claro, declaro hoje minha intenção de aplicar, com um futuro governo, a soberania de Israel sobre o Vale do Jordão e a parte norte do Mar Morto”, disse Netanyahu a jornalistas em Ramat Gan, perto de Tel-Aviv, em entrevista organizada por seu partido, o Likud.

Netanyahu, que tenta atrair eleitores nos assentamentos judaicos, que defendem a anexação da Cisjordânia, está empatado com seu rival, o ex-chefe do Exército de Israel, Benny Gantz, líder do partido Azul e Branco, de centro-direita. Na terça, o general reivindicou a ideia de anexar o Vale do Jordão. “Estamos felizes de ver que Netanyahu adota nosso plano”, disse.

Nos últimos meses, o premiê tem tentado desviar o foco de três denúncias de corrupção apresentadas contra ele e focado em questões de segurança nacional. Na segunda-feira, em mais uma ação contra o Irã, ele divulgou imagens de um suposto local de teste de armas nucleares utilizado pelos iranianos que teria sido descoberto por Israel.

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Os EUA devem apresentar detalhes de seu plano de paz para o Oriente Médio depois das eleições israelenses. Segundo Netanyahu, esse plano será “uma oportunidade histórica e única de aplicar nossa soberania sobre nossas colônias em Judeia e Samaria (como Israel chama a Cisjordânia) e em outros locais-chave para a nossa segurança”. “Não tivemos tamanha oportunidade desde a Guerra dos Seis Dias e duvido que teremos uma outra oportunidade nos próximos 50 anos”, defendeu o premiê.

O Vale do Jordão representa cerca de 30% da Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967. A maior parte do mundo considera ilegais os assentamentos israelenses na região. Na terça, a ex-negociadora palestina Hanan Ashraui afirmou que a intenção de anexar parte da Cisjordânia destrói qualquer possibilidade de acordo de paz. “Netanyahu não está apenas destruindo a solução de dois Estados, mas também qualquer possibilidade de paz.”

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Os países islâmicos reagiram com irritação ao anúncio de Netanyahu. Ayman Safadi, chanceler da Jordânia, disse que a anexação “é uma ameaça à segurança da região”. O chanceler da Turquia, Mevlut Cavusoglu, afirmou que a medida de Netanyahu era digna de um “Estado de apartheid”. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.