Mulher de ex-dirigente chinês se livra da pena de morte por morte de britânico

Gu Kailai, mulher do ex-dirigente comunista chinês Bo Xilai, foi considerada culpada nesta segunda (horário local) pelo assassinato do empresário britânico Neil Heywood. No entanto, ela não receberá a pena de morte pelo crime.

Ela já havia admitido, no julgamento realizado no dia 9 de agosto na cidade de Heifei (leste da China), que envenenara Heywood depois que ele ameaçou a segurança do seu filho, Bo Guagua, 24, que vive no exterior e se formou em maio pela Universidade Harvard (EUA).

É provável que o fato tenha sido considerado um atenuante que livrou Gu da pena de morte, comum para casos como esse. Segundo o jornal “Financial Times”, que teve acesso aos autos do processo, Heywood havia recebido a promessa de obter de Gu o equivalente a R$ 411 mil por um investimento imobiliário.

Como o negócio não foi concretizado, o britânico passou a exigir 10% desse valor em compensação. Diante do silêncio de Gu, Heywood ameaçou Bo Guagua, dizendo em um e-mail que iria “destruí-lo”.

Veneno

Durante o julgamento no dia 9 de agosto, Gu confessou ter envenenado Heywood com um copo de água misturada a cianeto de potássio num quarto de hotel de Chongqing. “Eu aceitarei e enfrentarei calmamente qualquer sentença, e espero também uma decisão justa e limpa da corte”, disse Gu, segundo a agência de notícias oficial Xinhua.

“Durante aqueles dias, eu sofri colapso nervoso após saber que meu filho estava em perigo”, disse Gu. “A tragédia que provoquei não foi apenas para Neil como também para seus familiares.”

Tanto Gu quanto quatro policiais, que acobertaram o assassinato, foram julgados em Hefei, a centenas de quilômetros de Chongqing, megalópole do sudoeste do país onde Bo Xilai era o chefe do Partido Comunista e ainda goza de bastante popularidade.

O expurgo de Bo Xilai do PC chinês aconteceu meses antes da sucessão da cúpula do partido. Com o escândalo da morte de Heywood, Bo enterrou suas chances de conseguir uma das nove vagas do Comitê Permanente, órgão máximo na hierarquia chinesa.

Identificado com a ala mais conservadora do partido, ele ganhou fama por promover uma campanha contra a máfia em Chongqing e por resgatar símbolos do maoismo e da Revolução Cultural.

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