Moscou divulga arquivos de Lavrenty Beria, o “carniceiro de Stálin”

Promotores russos apresentaram nesta sexta-feira o legado de crimes de Lavrenty Beria, o ex-chefe da temida polícia secreta de Joseph Stálin, incluindo uma lista de centenas de mulheres que ele aterrorizou antes de ser sumariamente fuzilado após a morte do ditador.

A promotoria militar russa apresentou os 47 volumes sobre o processo penal de Beria – que se encerrou com seu fuzilamento sumário em 1953, poucos meses depois de Stálin morrer. Seu conteúdo será divulgado ao público.

Os promotores haviam mostrado os arquivos aos meios de comunicação supostamente para contestar as afirmações de que teriam sido roubados. Permitiram aos cinegrafistas filmar alguns dos documentos, um dos quais mostra a lista de mulheres, confiscada de um dos assistentes de Beria. Os investigadores da era soviética o acusaram de perseguir e violar várias mulheres.

A televisão estatal RTR indicou que a lista, escrita à mão, contém centenas de nomes. Fragamentos da lista mostram nomes e números de telefone.

O promotor Valery Kondratov, encarregado de revisar os casos de repressão da era soviética, disse que os arquivos de Beria – nome cuja mera citação despertava terror – não mencionam um suposto arsenal de venenos letais desenvolvidos em um laboratório que ele supervisionava pessoalmente.

“Não havia informação sobre o laboratório especial, menos ainda sobre receitas de venenos”, disse Kondratov.

Alguns historiadores russos e estrangeiros disseram que Beria tinha um laboratório onde desenvolvia uma grande variedade de venenos para usá-los contra seus inimigos na Rússia e em outros países. Alguns chegaram a dizer que Beria pode ter envenenado Stálin.

Depois que Stálin nomeou Beria em 1938 como diretor da polícia secreta NKVD – herdeira da Checha criada por Vladimir Lênin quando os bolcheviques tomaram o poder pelas armas após a revolução de 1917 – desempenhou um papel-chave na repressão maciça e supervisionou o sistema de campos de trabalhos forçados onde milhões foram detidos e muitos morreram. Beria, um dos mais próximos confidentes de Stálin, foi o homem a quem o ditador confiou tarefas tais como a supervisão do desenvolvimento da bomba atômica.

Beria foi preso durante a fase de luta pelo poder após a morte de Stálin, em março de 1953. Condenado por traição e terrorismo, foi fuzilado em 23 de dezembro do mesmo ano.

Em 2000, a Corte Suprema da Rússia rejeitou uma apelação dos familiares de Beria para que fosse inocentado postumamente, alegando que seu julgamento e sua execução haviam sido ilegais.

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