Membro de comissão que fiscaliza pleito afegão renuncia

Um dos dois cidadãos afegãos integrantes de uma comissão apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para analisar as denúncias de fraude nas eleições presidenciais de agosto renunciou hoje. O argumento para a saída de Maulavi Mustafa Barakzia foi interferência de estrangeiros em seu trabalho, segundo sua versão. Ontem, a ONU reconheceu a existência de “fraude generalizada” na disputa afegã. Segundo funcionários, erros e falta de comunicação prejudicaram a investigação sobre as supostas fraudes de agosto.

O impasse sobre a disputa ocorre no momento em que o governo do presidente Barack Obama revisa a estratégia dos Estados Unidos para o país, invadido em 2001. O comandante das tropas norte-americanas no Afeganistão, general Stanley McChrystal, pede mais 40 mil soldados para a luta contra os militantes e a estabilização da nação. A Comissão de Reclamações Eleitorais, apoiada pela ONU, é apontada como potencial fiel da balança na disputa eleitoral. Funcionários ocidentais e afegãos disseram confiar no grupo de trabalho para evitar fraudes e produzir um resultado justo.

A decisão desta comissão deve determinar se o presidente Hamid Karzai vencerá em primeiro turno ou se haverá nova votação entre ele e o ex-ministro das Relações Exteriores Abdullah Abdullah. Resultados preliminares mostram Karzai com 54% dos votos no primeiro turno, mas esse índice pode cair com a impugnação de urnas.

Barakzia afirmou que os três estrangeiros da comissão – um americano, um canadense e um holandês – estavam “tomando todas as decisões por conta própria”, sem consultar os afegãos. Uma porta-voz da comissão rechaçou a versão. Segundo a funcionária, a desistência não interromperá o trabalho do grupo. Barakzia havia sido apontado pela Suprema Corte afegã. Não foi informado se a corte nomeará outra pessoa para o posto.