A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, afirmou hoje no Parlamento londrino que foi adiada “indefinidamente” a votação prevista para esta terça-feira sobre o acordo fechado entre seu governo e a União Europeia sobre a saída do país do bloco, o chamado Brexit. May disse que voltará a tratar com autoridades em Bruxelas, a fim de dar mais garantias aos congressistas britânicos para que possa haver apoio suficiente à estratégia defendida por ela. Ela disse que pretende especificamente tratar da questão da fronteira entre as Irlandas.

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May argumentou que será preciso haver algum tipo de “backstop” entre as Irlandas, em referência a um mecanismo almejado para evitar uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a Irlanda. Já os parlamentares críticos da estratégia dizem que o “backstop” poderia se tornar permanente, o que significaria um problema para a soberania nacional. May disse que procurará “garantias” da UE sobre o tema. Os legisladores insistiram, em declarações à premiê, que será preciso haver mudanças no acordo para que ela possa ter sucesso na votação mais adiante.

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A primeira-ministra afirmou que pretende negociar com a UE, mas também que é preciso honrar o resultado do plebiscito de junho de 2016 e realizar o Brexit com soluções reais e que funcionem. “A questão fundamental é se os parlamentares querem ou não entregar o Brexit”, questionou, dizendo que um segundo plebiscito sobre o tema poderia provocar divisão no país. Mesmo defendendo uma solução negociada, a premiê admitiu que serão acelerados os preparativos para uma eventual saída sem acordo com a UE.

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Na avaliação de May, não aceitar o acordo já fechado entre o governo e Bruxelas elevará o risco de uma saída sem qualquer pacto com a UE. Isso, lembrou, trará problemas “significativos” no curto prazo para a economia nacional. “Os que discordam do acordo precisam apresentar soluções factíveis”, levando em conta as posições do outro lado, ressaltou, insistindo na necessidade de uma saída com acordo. Para a premiê, a alternativa fechada por seu governo é ainda a melhor possível e atende “praticamente” ao resultado do plebiscito. A premiê mencionou também que pode haver uma extensão do período de implementação do Brexit, se necessário.

A líder admitiu que haveria uma derrota por “margem significativa” nesta terça-feira no Parlamento, se o governo decidisse levar adiante a votação. Presidente do Parlamento, John Bercow, conservador como May, questionou o fato de o governo agir dessa maneira, segundo ele privando os legisladores de se pronunciar com o voto neste momento. A oposição foi ainda mais dura, colocando em dúvida inclusive a capacidade de May de conseguir mudanças significativas, já que ela vinha insistindo que não haverá nada de muito diferente nos termos da saída, como o comando da UE também tem ressaltado.

Presidente do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn afirmou que o governo “perdeu o controle” e alertou para o aumento da incerteza para as empresas, no contexto atual. Alguns deputados pediam inclusive que May, caso não tenha condições de conseguir acordo melhor, abandone o cargo para que algum outro premiê possa tentar conseguir solução melhor.