Os organizadores dos protestos em Hong Kong pretendem realizar outra manifestação de grandes proporções no domingo, 16, anunciaram seus líderes nesta quinta-feira, 13, um dia depois dos violentos confrontos na cidade entre a polícia e os ativistas que criticam um projeto de lei de extradição à China.

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A Frente de Direitos Humanos Civis também convocou uma greve em toda a cidade para segunda-feira, 17, com o objetivo de manter a pressão sobre o governo de Hong Kong. Os manifestantes desejam que o projeto de lei seja abandonado. “Convocamos os cidadãos a se unir às greves trabalhista, escolar e do comércio”, afirmou Jimmy Sham, coordenador do grupo.

O governo de Pequim voltou a denunciar como “distúrbios” as manifestações da véspera em Hong Kong contra o projeto de lei que abre caminho para extradições à China.

“Não foi uma manifestação pacífica, e sim distúrbios organizados”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa, Geng Shuang. Pequim “condena firmemente” a violência e “apoia a reação” das autoridades de Hong Kong, completou ele.

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Na quarta-feira, milhares de manifestantes vestidos de preto, em sua maioria jovens, lotaram novamente as ruas de Hong Kong contra o projeto de lei que, segundo os críticos, daria poder a Pequim para perseguir politicamente os opositores. De acordo com as autoridades, 22 pessoas ficaram feridas, entre policiais e manifestantes.

Os confrontos foram registrados perto do Conselho Legislativo (LegCo – o Parlamento), onde o texto seria analisado em segunda leitura. Analistas afirmaram que este foi o maior episódio de violência desde 1997, quando Hong Kong, então colônia britânica, foi devolvido à China.

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Novo adiamento

O presidente do Conselho Legislativo de Hong Kong, Andrew Leung, decidiu nesta quinta-feira adiar pelo segundo dia consecutivo a sessão da Câmara sobre o texto. “O presidente do Conselho Legislativo decidiu que a reunião do Conselho de 12 de junho de 2019 não acontecerá hoje (13 de junho)”, disse ele em um comunicado. “(Este) será anunciado assim que o presidente determinar o horário da reunião.”

Também nesta quinta, a China denunciou a “ingerência” da União Europeia em Hong Kong. “Nenhum país, organização ou indivíduo tem o direito de invadir” os assuntos da cidade “que são exclusivamente assuntos internos chineses”, declarou Geng Shuang a jornalistas.

Autonomia

Hong Kong é um território semiautônomo que por 150 anos permaneceu como colônia britânica. Em 1997, a cidade foi devolvida à República Popular da China após uma série de negociações diplomáticas.

Até 2047, Hong Kong deveria ser capaz de se governar sob uma política conhecida como “um país, dois sistemas”, ou seja, Hong Kong permaneceria sob soberania chinesa, mas com independência para manter os próprios sistemas político e jurídico.

O Partido Comunista da China prometeu aos britânicos manter um “alto grau de autonomia” antes da devolução, embora questões de política externa e defesa ficassem sob responsabilidade de Pequim.

Nos últimos anos, no entanto, o governo chinês vem limitando a independência de Hong Kong. Moradores do território afirmam que as liberdades estão cada vez mais cerceadas, com a China proibindo reformas democráticas e interferindo nas eleições locais.

Os protestos pró-democracia em Hong Kong são vistos como o maior desafio à autoridade de Pequim desde as manifestações de 1989 na Praça da Paz Celestial (Tiananmen).

Líderes empresariais, grupos de comunicação, organizações de imprensa, grupos de advogados e organizações de promoção dos direitos humanos temem que a intensificação da repressão política possa minar a confiança dos investidores em Hong Kong e corroer as vantagens competitivas da cidade. (Com agências internacionais).