Manifestação contra pacote de austeridade reúne 100 mil em Atenas

O maior confronto entre manifestantes e a polícia grega em mais de um ano teve canhões de água e coquetéis molotov hoje, na praça Syntagma, do lado de fora do Parlamento. Não há relatos de feridos em Atenas até o momento. Segundo a polícia, pelo menos 35 pessoas foram detidas e quatro tiveram problemas respiratórios

Cerca de 100 mil gregos agitaram bandeiras e cantaram “Lutem! Eles estão bebendo nosso sangue” na praça em frente ao Parlamento grego, onde legisladores devem votar um impopular pacote de cortes orçamentários e reformas trabalhistas para evitar a falência das contas públicas do país.

A violência eclodiu por volta das 15h15 (horário de Brasília), quando alguns manifestantes tentaram romper a barreira policial para entrar no Parlamento -o que levou a polícia a responder com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral e, pela primeira vez em um protesto anti-austeridade, com canhões de água.

Dentro do Parlamento, a sessão foi interrompida por um breve período pelos próprios trabalhadores da Casa, que entraram em greve para protestar contra uma cláusula que cortaria seus salários. Em uma humilhante reviravolta, o governo foi obrigado a cancelar a medida para permitir que a sessão fosse retomada.

“Hoje nós vamos votar se permanecemos na zona do euro ou se retornamos ao isolamento internacional e atendemos à falência completa”, disse o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, em seu um último apelo aos legisladores aprovar as medidas.

O país precisa aprovar as medidas para desbloquear a ajuda financeira que tem a receber para evitar a falência. O debate final e a votação estão previstos para a meia noite local (21h de Brasília).

Os parlamentares debatem cortes salariais e aumentos de impostos no valor de 13,5 bilhões de euros até 2016. Se aprovado, o pacote irá destravar uma parcela de mais de 31 bilhões de euros de ajuda da UE (União Europeia) e do FMI (Fundo Monetário Internacional).

Fora do Parlamento, manifestantes encapuzados atiravam coquetéis molotov e pedras contra a polícia. Focos de fumaça e de pequenos incêndios pontuavam a praça e ruas próximas à casa legislativa.

“Essas medidas estão nos matando pouco a pouco e legisladores lá não dão a mínima”, disse Maria Aliferopoulou, 52, mãe de dois filhos que vive com mil euros por mês. “Eles são ricos e têm tudo. Nós não temos nada e estamos lutando por migalhas, pela sobrevivência”.

“Você vive em constante medo e incerteza. Você nunca sabe o que está esperando por você ao virar da esquina”, disse Panos Goutsis, 58, que trabalha em uma loja de pequeno canto em Atenas. “Quantas vezes eles nos dizem estas são as últimas medidas? Estamos cansados de ouvir isso.”

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