Mandato da missão da ONU no Haiti deve ser renovado sem alterar perfil das tropas

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, deve recomendar a renovação do mandato da Missão das Nações Unidas de Estabilização no Haiti (Minustah), no relatório que vai ser apresentado do Conselho de Segurança da instituição no próximo dia 8.

Foi o que informou o representante especial adjunto do secretário-geral da ONU na missão (o segundo homem no comando da Minustah), o brasileiro Luiz Carlos da Costa. O mandato atual foi renovado em outubro do ano passado e tem validade até 15 de outubro. Para que as tropas continuem no país, a renovação deve ser aprovada pelo Conselho de Segurança.

De acordo com ele, a recomendação também deve ser de manutenção do atual perfil de composição da missão que, na sua vertente militar, conta com cerca de 7 mil militares e mais 1,7 mil homens da polícia da ONU. Para Costa, ainda é cedo para modificar o perfil da Minustah.

“Nós apresentamos uma proposta de que essa configuração deve ser mantida até 2011, que seriam 12 meses depois das eleições presidenciais, para permitir um processo eleitoral tranqüilo, uma campanha para as eleições que seja um processo político e também um princípio de um novo governo com tranqüilidade”, afirmou o brasileiro.

A opinião é compartilhada pelo comandante das forças da Minustah o também brasileiro general Carlos Alberto dos Santos Cruz. “Eu acredito que se a ONU saísse daqui neste momento se teria um retrocesso muito grande em tudo aquilo que foi adquirido até agora”, disse, ressaltando que existem tropas no Haiti a pedido do próprio governo haitiano.

Apesar de não arriscar quanto tempo mais as tropas devem ficar no país caribenho, o general ressalta que é necessário ter bem claros os limites de atuação das Nações Unidas e os objetivos que devem ser alcançados.

Para o embaixador brasileiro em Porto Príncipe, capital do Haiti é necessário haver uma mudança gradual na composição da vertente militar a partir dos próximos contingentes que chegarem ao país. “Eu continuo defendendo que o Brasil, nesse próximo contingente (que será o décimo) ou no outro, mande menos combatentes e mais uma companhia de saúde, mais pessoal de educação”, afirmou.

Ele completa que, a partir de 2011, a expectativa é de que haja uma redução na componente militar e a substituição da parte de segurança da missão pela Polícia Nacional do Haiti (PNH), que está sendo recomposta e treinada por soldados da ONU. “Sem prejuízo não só da manutenção da vertente civil da Minustah, mas até com o seu crescimento”, completou.