Lula pede mais ousadia a empresários

Em solenidade de comemoração dos 110 anos da indústria de papel e celulose Klabin, em Telêmaco Borba (PR), a cerca de 250 quilômetros de Curitiba, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conclamou os empresários a serem mais ousados em seus negócios. “É o momento de o Brasil ser mais ousado, mais tinhoso”, pediu. Para ele, é preciso aproveitar o “momento privilegiado de estabilidade e credibilidade política”.

Lula ressaltou que tem desafiado os empresários a olharem com mais cuidado para o continente africano. “Temos o privilégio de ter apenas o Oceano Atlântico nos dividindo”, disse. Segundo ele, o comércio com os Estados Unidos e a Europa já está estabilizado. “Embora cresça 20% ao ano a chance de crescer muito é bem menor”, salientou.

Segundo ele, depois de várias visitas que fez a mercados emergentes, o Brasil subiu de US$ 8 bilhões para US$ 20 bilhões em exportações em quase três anos. “Eu quero vender mais para os Estados Unidos, mais para a Europa, mas quero vender muito mais para quem nunca comprou de nós, para um continente que daqui a 25 anos estará com 700 milhões de habitantes”, disse.

Lula também ressaltou que o Brasil é um país preparado para receber investimentos. “Qual é o país no mundo hoje que é um porto seguro mais que o Brasil para investimento?” questionou. “Quantos países têm as condições do Brasil para investimentos?” No entanto, ele criticou as agências de classificação de risco de crédito. “Elas continuam avaliando e às vezes sobe, às vezes desce”, disse.

Segundo ele, o governo tem dificuldades para tomar decisões, muitas vezes em razão da máquina pública que é “muito dura”. Brincando, afirmou que, caso Juscelino Kubitschek fosse presidente hoje e quisesse construir Brasília, ainda não teria conseguido licença ambiental para fazer a pista em que seu avião desceria. Para ele, a máquina pública “desaprendeu a fazer coisas positivas e foi criando mecanismos para a fiscalização”. Mas destacou: “O governo não existe para atrapalhar, para administrar empresas, mas para tomar decisões estratégicas, para ser indutor e não gerente”.