Líder da oposição no Irã diz estar pronto para morrer

O líder da oposição no Irã, Mir Hossein Mousavi, disse que está pronto para sacrificar sua vida em sua campanha para que a contestada reeleição, em junho, do presidente Mahmoud Ahmadinejad seja anulada. “Não tenho medo de morrer pelas exigências do povo”, disse Mousavi, na primeira declaração em seu site Kaleme.org desde os atritos sangrentos de domingo, 27 de dezembro. “Meu sangue não é mais vermelho que o deles”, acrescentou, referindo-se aos mortos nos conflitos.

O sobrinho de Mousavi, Ali, estava entre as pelo menos oito pessoas mortas durante os protestos da oposição no domingo, durante os rituais muçulmanos xiitas de Ashura. Ele pediu que o governo de Ahmadinejad pare com os ataques contra seus seguidores, centenas dos quais foram detidos.

A declaração de Mousavi não faz referência à sua atual localização. Ontem, informes da imprensa estatal davam conta de que ele teria fugido da capital Teerã para a província de Mazandaran, ao Norte, no litoral do Mar Cáspio.

O site da oposição Rahesabz trouxe informações sobre novos protestos no centro de Teerã ontem e sobre atritos esporádicos com as forças de segurança, um dia após o regime ter levado centenas de milhares de partidários às ruas das grandes cidades, numa massiva demonstração de força.

Mousavi pediu que o governo “assuma a responsabilidade pelos problemas que criou no país, liberte os prisioneiros políticos e reconheça o direito do povo de se reunir legalmente”. “Digo abertamente que, enquanto não houver reconhecimento da existência de uma séria crise no país, não haverá possibilidade de resolver os problemas”, disse.

O ex-primeiro ministro rejeitou os pedidos de representantes da linha dura do governo para que desista das acusações de fraude na eleição de junho. Ahmadinejad era seu principal concorrente. “Clara e explicitamente digo que a ordem de executar, matar e prender (o ex-presidente do parlamento e candidato presidencial pró-reforma, Mehdi) Karroubi, Mousavi e pessoas como nós não vai resolver nada”.

“Supostamente as coisas se acalmam com prisões, violência, ameaças e fechamentos de jornais e outras mídias. Que apreciação isso mostra pela mudança na opinião pública sobre a república islâmica?”, questionou. Mousavi rejeitou ainda as acusações de Ahmadinejad e de outras autoridades de que ele e seus seguidores são “lacaios” dos inimigos ocidentais do Irã. “Não somos nem americanos nem britânicos. Não enviamos cartões de congratulações aos líderes do maiores poderes”, disse, numa alusão a um cartão que o presidente iraniano enviou a Barack Obama, após sua eleição como presidente dos Estados Unidos.

“Eu considero necessário destacar que nós e o Movimento Verde temos uma identidade islâmica e nacional e somos contra a dominação dos estrangeiros”, disse, sobre a cor de sua campanha eleitoral que se tornou símbolo da oposição. “Nós queremos um governo honesto e compassivo, que considere que a diversidade de opinião e o voto popular são oportunidades, não ameaças.”

Mousavi pediu, em particular, que as autoridades ponham fim à interferência nos serviços de internet no Irã, que têm sido um importante meio de divulgação dos protestos da oposição e das notícias sobre detenção de seus integrantes. As informações são da Dow Jones.

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