O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, disse que as tropas estrangeiras podem permanecer em seu país por até uma década durante a conferência em Londres que tem como objetivo dar início à transição do controle da segurança do país para tropas afegãs. Líderes internacionais se reúnem em Londres para dar apoio à capacidade do Afeganistão de se policiar, se desenvolver e de livrar sua economia da corrupção.

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Em entrevista à BBC, Karzai disse que o treinamento e equipamento das tropas afegãs pode demorar entre cinco e dez anos e que a comunidade internacional pode ter de dar apoio financeiro ao Exército afegão por 10 a 15 anos.

Karzai assegurou ao ocidente, em seu discurso de posse em novembro, que as forças de segurança afegãs controlariam a segurança do país em cinco anos, uma afirmação que ele repetiu em seu discurso hoje.

Representantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) rapidamente tentaram abrandar as afirmações de Karzai. O major-general William C. Mayville, vice-chefe do Estado Maior para estratégia, planejamento e avaliação da Força de Assistência e Segurança da Otan, disse que a perspectiva apresentada por Karzai reflete quanto tempo levará para que o Afeganistão desenvolva o tipo de formação militar completa que possa cobrir desde unidades de manobra em campos de batalha até funções mais comuns, como logística interna e defesa de postos de adidos de embaixadas. “Neste momento, vamos fazer com que eles cheguem ao ponto em que possam lutar por conta própria.”

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Luta contra insurgência

O primeiro-ministro Gordon Brown abriu a conferência dizendo que a Otan tem de “virar” a luta contra a insurgência até meados do ano que vem, repetindo comentários feitos pelo presidente Barack Obama feitos no mês passado.

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Brown disse que a conferência vai “aprovar as condições necessárias sob as quais possamos começar – distrito por distrito, província por província – o processo de transferência de responsabilidade pela segurança das forças internacionais para as forças afegãs”. Funcionários britânicos disseram, porém, que as províncias e datas ainda não foram definidas.

Brown disse que a conferência via estabelecer como objetivo que o Afeganistão aumente seus efetivos militares para 134 mil até outubro de 2010 e para 171.600 até outubro de 2011, sendo que os policiais devem ser 134 mil até outubro de 2011. Isso elevaria as forças de segurança afegãs para 300 mil, abaixo dos 400 mil que tanto os norte-americanos quanto os afegãos haviam inicialmente dito que seria necessário.

A reunião desta quinta-feira, que conta com a participação de mais de 60 países e representantes de organismos da Organização das Nações Unidas (ONU), tem como objetivo dar suporte às promessas de Karzai de lutar contra a corrupção, assegurar uma governança mais forte, melhorar o desenvolvimento econômico, melhorar a comunicação com os vizinhos do Afeganistão e iniciar um programa de reintegração para combatentes moderados do Taleban.

O Taleban disse, em comunicado, que nenhum tipo de negociação será possível até que forças estrangeiras tenham deixado o Afeganistão.

Apoio dos EUA

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, expressou seu apoio a Karzai durante seu discurso na conferência, particularmente no que diz respeito aos esforços para conquistar talebans moderados. Ela disse que os Estados Unidos vão apoiar o fundo especial para reintegrar os talebans à sociedade e elogiou o Japão por se comprometer a doar US$ 50 milhões. Ela também declarou que o Pentágono vai usar alguns de seus próprios recursos para alcançar talebans moderados.

“Para alguns, pode parecer contraproducente oferecer aos insurgentes a oportunidade de voltarem à sociedade afegã – mesmo com a precondição de que devem renunciar à violência e à Al-Qaeda”, disse Hillary. “Mas nós compartilhamos a crença do presidente Karzai de que a cuidadosa reintegração vai enfraquecer a atração do extremismo e trazer maior estabilidade e segurança ao Afeganistão.”

Hillary declarou também que os Estados Unidos vão acelerar o treinamento de forças de segurança afegãs e medidas para combater a corrupção. E anunciou que o Departamento de Estado vai promover um “plano de ação” especial para dar mais poderes às mulheres na sociedade afegã.

Irã

O Reino Unido disse que a decisão do Irã de não comparecer à conferência foi uma “oportunidade perdida” de o país tomar parte no futuro do país.

 

Uma porta-voz da chancelaria disse que o Reino Unido fez “todos os esforços” para envolver o Irã na reunião, incluindo o convite para que seus representantes fizessem parte do grupo que via delinear o comunicado sobre o projeto internacional para o futuro do Afeganistão. “Apesar de seu expresso interesse em contribuir para soluções regionais para os desafios do Afeganistão, o Irã escolheu se isolar do evento”.

Ontem, o Irã disse que não participaria da reunião porque não acredita que ela trará resultados na resolução dos problemas afegãos. O Irã tem pedido repetidamente a retirada das forças norte-americanas do vizinho Afeganistão, afirmando que a presença militar dos Estados Unidos aumenta o tumulto na região. As informações são da Dow Jones.