Israel: não há paz se Estado palestino for reconhecido

O ministro de Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, disse hoje à principal diplomata da União Europeia (UE) que o reconhecimento do Estado palestino pela Organização das Nações Unidas (ONU) em setembro tornará os Acordos de Oslo nulos e sem efeito.

Durante um café da manhã com a chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, Lieberman disse que os Acordos de Oslo, de 1993, que criaram a Autoridade Nacional Palestina (ANP), e todos os acordos conquistados até então, serão cancelados se for conferido o reconhecimento do Estado independente quando a Assembleia Geral da ONU se reunir.

“A declaração unilateral na ONU significará o fim do Acordo de Oslo e a violação de todos os acordos que assinamos até hoje”, disse Lieberman, segundo todos os principais sites e rádios de Israel. “Israel não teria mais ligação com os acordos que assinou com os palestinos nos últimos 18 anos”, disse ele em conversas com Ashton, que chegou a Jerusalém na noite de ontem (horário local) e deve se reunir com a liderança palestina ainda hoje.

Ashton está numa viagem de quatro dias à região para negociações com autoridades de Israel, dos territórios palestinos, da Jordânia e do Egito, durante as quais vai tentar encontrar uma forma de retomar as conversações de paz, que ruíram no ano passado.

Mas Lieberman disse a ela que há “chance zero para o restabelecimento das conversações” e criticou o presidente palestino Mahmoud Abbas, dizendo que ele “não quer um acordo, ele quer o conflito” com Israel. “Ao buscar assegurar uma declaração unilateral de um Estado palestino, Mahmoud Abbas está agindo em seu interesse pessoal, sem levar em conta os interesses palestinos nem o conselho de muitas autoridades da Autoridade Palestina que se opõem à sua iniciativa”, disse o ministro israelense à rádio pública.

Lieberman estava se referindo ao crescente número de reportagens que sugerem que existe uma divisão na Autoridade Nacional Palestina a respeito da estratégia diplomática de aproximação na ONU.

Nesta noite, Ashton vai se reunir com o primeiro-ministro palestino Salam Fayyad e jantar com Abbas, numa tentativa de explorar as opções para levar as partes de volta à mesa de negociações, depois que os contatos diretos foram interrompidos em setembro.

Antes de chegar a Jerusalém, Ashton revelou que estava buscando a realização de uma reunião de emergência com diplomatas do Quarteto (Estados Unidos, União Europeia, ONU e Rússia) para que ajudassem a relançar as negociações. Segundo disseram fontes diplomáticas em Bruxelas à agência France Presse, ela esperava uma rápida reunião até o início de julho, que deve acontecer em Washington.

Amanhã, Ashton vai ao Cairo para discutir os acontecimentos na Líbia, antes de voltar para Israel no domingo, onde participa de uma reunião conjunta com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o enviado do Quarteto, Tony Blair, informou um porta-voz da UE. Em seguida, ela vai viajar para Luxemburgo para uma reunião com os 27 ministros de Relações Exteriores da UE, na segunda-feira. As informações são da Dow Jones.