Irã coloca tropa de elite para patrulhar Golfo Pérsico

O Irã anunciou nesta terça-feira (16) que encarregou a Guarda Revolucionária, uma tropa armada de elite, para defender as águas territoriais do Golfo Pérsico, no que parece ser um esforço do país para controlar a rota vital de abastecimento de petróleo. Comandantes navais norte-americanos no golfo disseram várias vezes que consideram a Guarda Revolucionária mais belicosa que a marinha regular do Irã, que até hoje era responsável pela defesa iraniana na região.

O Irã advertiu várias vezes que fechará o Estreito de Ormuz, na boca do Golfo Pérsico, se for atacado pelos Estados Unidos ou por Israel. Cerca de 40% dos carregamentos mundiais de petróleo passam pelo estreito. No inverno (boreal) passado, navios iranianos e norte-americanos em patrulha na região tiveram uma série de pequenos confrontos perto de Ormuz. Segundo os EUA, quem provocou os confrontos foram navios de guerra da Guarda Revolucionária.

O anúncio do governo do Irã foi feito pelo general Yahya Rahim Safavi, o conselheiro militar mais graduado do líder iraniano, o grão-aiatolá Ali Khamenei. Segundo ele, a “responsabilidade de defender o Golfo Pérsico” foi delegada à Guarda Revolucionária, enquanto a marinha regular do Irã operará no Mar de Omã, fora do Golfo Pérsico (no Oceano Índico) e no Mar Cáspio.

Safavi alertou que todos os navios de guerra que trafegam no golfo estão na mira dos mísseis iranianos. “Nenhum navio de guerra pode passar por Ormuz sem estar no nosso alcance”, disse. “Nossas forças armadas estão totalmente aptas a controlar o estreito.

Confronto

Um porta-voz da 5ª Frota dos Estados Unidos, que opera no Golfo Pérsico, afirmou que a mudança não afetará as atividades na região. O tenente Nathan Christensen disse que a missão da 5ª Frota é garantir que o Estreito de Ormuz fique aberto “ao fluxo de livre-comércio para dentro e para fora da região do golfo”. “Nós não estamos interessados em um confronto”, disse o oficial norte-americano.

No entanto, analistas políticos da região avaliam que agora a linha-dura está no controle dos assuntos militares, além dos políticos no Irã. “Agora é a linha-dura que tomou a liderança nos assuntos militares, não apenas nos assuntos políticos no Irã”, afirmou Riad Kahwaji, do Instituto de Análises Militares para o Oriente Médio e o Golfo Pérsico, que funciona em Dubai.

Kahwaji disse que as tensões aumentarão consideravelmente. “A Marinha americana terá que se comunicar diretamente com a Guarda Revolucionária, uma entidade que classifica como organização terrorista.