Internet anuncia e depois desmente perigo de asteróide

A notícia de que um garoto alemão de 13 anos, Nico Marquardt, calculou que as chances de um asteróide gigante, o 99942 Apophis, colidir com a Terra em 2036 são cem vezes maiores que as estimativas oficiais da Nasa – e que a agência espacial teria confirmado os cálculos do jovem – tomou a internet de assalto depois de aparecer em um despacho da agência de notícias France Presse (AFP) esta semana, mas já está sendo desmentida praticamente com a mesma velocidade com que se espalhou.

O Slashdot, por exemplo, publicou uma pequena nota citando o texto da AFP na terça-feira (15) e um desmentido já nesta quarta (16), com link para uma nota do noticiário de tecnologia britânica The Register.

De acordo com o material publicado pela agência francesa, o menino atualizou o risco de colisão entre Apophis e a Terra, de uma chance em 45.000 para uma chance em 450, depois de levar em conta o risco de uma colisão entre o astro e um satélite artificial, durante uma passagem próxima entre o asteróide e a Terra, prevista para 2029.

O blog de astronomia alemão Breaking News for Sky Aficionados ("Últimas Notícias para Aficionados do Céu") traz a descrição mais completa do caso, rastreando a publicação original da entrevista de Marquardt ao jornal alemão Bild em 4 de abril, e uma entrevista com um especialista da Nasa esclarecendo a questão.

"A história é um absurdo, uma fraude ou ambos", disse o pesquisador Donald Yeomans, citado pelo Breaking News. Yeomans esclarece, ainda, que Apophis não chegará perto de nenhum satélite artificial durante a passagem de 2029. O erro do noticiário a respeito do aumento do risco de colisão já está anotado até mesmo na Wikipedia.

No website do Programa de Objetos Próximos à Terra da Nasa, referência internacional para alertas de colisão entre nosso planeta e outros astros, Apophis segue com grau zero ("risco de colisão zero ou tão baixo a ponto de ser efetivamente zero") na escala Torino, que avalia o nível de alerta requerido por um astro.

Existe, no entanto, um asteróide com grau 1 ("cálculos mostram que a chance de colisão é extremamente baixa e novas observações muito provavelmente reduzirão o nível a zero"): 2007-VK184, com passagens previstas para o período 2048-2057.

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