O ministro do Interior da Índia afirmou nesta quinta-feira que o governo vai atuar contra a emissora de televisão britânica BBC depois de o canal ter ignorado uma ordem judicial e ter exibido um documentário sobre um estupro coletivo no qual um dos estupradores culpa a vítima pelo crime.

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“Filha da Índia”, documentário do cineasta britânico Leslee Udwin, deveria ser exibido no próximo domingo, Dia Internacional da Mulher, na Índia, na Grã-Bretanha, na Dinamarca, na Suécia e em vários outros países. No entanto, a polícia e o governo indianos obtiveram uma ordem judicial que suspendeu a sua exibição.

Diante da polêmica, o documentário foi ao ar na noite desta quarta-feira no Reino Unido. Porém, os indianos não conseguem acessá-lo no site do BBC.

A BBC afirmou em uma nota que havia adiantado a exibição do documentário “dado o imenso nível de interesse” e “para permitir que os telespectadores vejam este filme incrivelmente poderoso na primeira oportunidade”.

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O Ministro do Interior, Rajnath Singh, não especificou quais os passos que o governo indiano tomaria com a BBC, dizendo aos repórteres apenas que “todas as opções estão em aberto”.

No filme, Mukesh Singh, um dos quatro homens condenados e sentenciados à morte por terem estuprado e assassinado uma garota em 2012, afirmou que “as garotas são mais responsáveis pelos estupros que os meninos”.

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“Uma menina decente não vai ficar por aí às 9h da noite. As garotas devem ficar em casa fazendo trabalho doméstico, não vagueando em discotecas e bares à noite, vestindo roupas erradas”, disse Mukesh ao documentarista.

O filme gerou grande debate na Índia, um dos países com as mais altas taxas de estupro do mundo.

Em um comunicado divulgado ontem, a polícia do distrito de Deli afirmou que temia que a exibição do filme “criasse uma situação de tensão e medo entre as mulheres na sociedade” e que a proibição “é necessária para manter a ordem pública”.

Ativistas e legisladores criticaram a proibição, dizendo que os comentários de Mukesh Singh apenas refletem um desrespeito maior com as mulheres na sociedade indiana. Fonte: Associated Press.