O Vaticano admite: já há mais muçulmanos no mundo que católicos. Segundo uma publicação da Santa Sé com dados de todas as religiões do planeta, os muçulmanos somariam 1,32 bilhão de pessoas, contra 1,13 bilhão de católicos. No total, os muçulmanos seriam 19,2% da população mundial, contra 17,4% de católicos em 2006. Mas se a conta incluir anglicanos, protestantes e ortodoxos, os cristãos continuam na liderança, com 33% da população mundial. Os dados foram revelados no jornal italiano Corriere Della Sera. Fontes no Vaticano confirmaram o levantamento e ainda apontaram que parte da perda da liderança ocorre diante do crescimento das igrejas pentecostais na América Latina, em especial no Brasil, e na África.
Mas o motivo fundamental da perda da liderança para os muçulmanos é a taxa de crescimento das populações nos países não-católicos. No Anuário Pontífice, com mais de 2,4 mil páginas a explicação é de que o número de católicos no mundo apenas cresce em termos absolutos graças ao aumento da população. Já os países muçulmanos ainda contam com taxas de natalidade bem acima da média da Europa, ou mesmo da América Latina, um dos pilares da Igreja.
O Vaticano, porém, aponta que os números têm como base as informações demográficas passadas pelos próprios países islâmicos à Organização das Nações Unidas (ONU). Com essa base, a conta mostraria a liderança dos muçulmanos. Os sunitas seriam ampla maioria, com 1,15 bilhão, contra apenas 170 milhões de xiitas. Para a Santa Sé, uma das formas de lutar contra esse fenômeno seria voltar a incentivar as famílias, principalmente na Europa, a terem mais filhos. Para isso, o Vaticano reforça sua campanha contra o aborto e contra o divórcio.
Na América Latina, além da queda no número de filhos por casal que foi registrada, outro fator tem sido o avanço das seitas pentecostais. Não por acaso, o Papa Bento XVI fez questão de colocar como principal tema da reunião do episcopado latino-americano em maio de 2007 o desafio da Igreja para atrair novos adeptos.