Há cem anos caía o Campanário de São Marcos

Os sinos de San Marcos tocaram longamente para lembrar o centenário do que um jornal local chamou de “uma catástrofe da arte e da história”, a queda do mais belo e famoso campanário do mundo. Foi um concerto de sinos propriamente dito na praça central San Marco de Veneza que, como afirmou o assessor de Cultura Marino Cortese, comemorou não só os 100 anos da queda da torre, como também sua reconstrução, que se concluiu 10 anos mais tarde, em 1912.

Os novos sinos ecoaram no dia de seu Santo Patrono, São Marcos, em 25 de abril de 1912, três dos quais foram doados pelo papa Pio X, que os ouviu tocar ao telefone no dia de sua inauguração. Apenas um sino, dos quatro originais, o Maragnona, que convocava ao trabalho os operários do Arsenal, sobreviveu à queda, que ocorreu em 14 de julho de 1902 às 9h52 locais.

Os festejos de 14 de julho último, acompanhados por milhares de turistas, foram organizados pelo diretor teatral Enrico Ricciardi, autor do espetáculo comemorativo “Como era e onde estava”.

Comentando o caso do teatro de ópera La Fenice, que se incendiou há vários anos, e sobre a modalidade da restauração dos monumentos venezianos, ele conta que, por ocasião da reconstrução do Palácio Ducal, destruído por um incêndio em meados do século XVI, a cidade se dividiu entre os conservadores ? os partidários do ?como era e onde estava? ? e os que queriam construir algo diferente.

Ricciardi lembra que quando o campanário ruiu muitos diziam que deveriam utilizar-se os mesmos azulejos do milenar edifício, mas decidiu-se de outra forma: as ruínas do campanário original sepultaram-se no mar, nas costas do Lido veneziano, com uma cerimônia solene.

Questionado se alguém viu a queda, Ricciardi respondeu: “Um velho funcionário do Palácio Ducal dizia, durante 10 anos, que a torre cairia. As autoridades desconsideraram o perigo e, na manhã de 14 de julho de 1902, a vida parecia normal na praça São Marcos. Felizmente, aos primeiros sinais de queda, os bombeiros conseguiram esvaziar a área adjacente”.

Os jornais venezianos dedicaram amplo espaço ao centenário. O “A Nova Veneza” dedicou duas páginas e um destaque na primeira página, o “Il Gazzettino”, além de numerosos artigos, dedicou um suplemento especial ao dia da queda do belíssimo campanário. (ANSA).

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