França cogita enviar armas a rebeldes sírios

O governo da França indicou que poderá repassar armas aos rebeldes sírios, hoje. A medida seria decorrente do anúncio de que o país reconhece a coalizão rebelde síria formada no fim de semana como única representante do povo daquele país. Com o anúncio, a França se tornou o primeiro país da Europa a validar a liderança rebelde, ao lado dos países da Liga Árabe e do Conselho de Cooperação do Golfo.

Tanto os EUA quanto o Reino Unido comemoraram a formação da coalizão, mas não a reconheceram como o governo legítimo do país.

“Eu anuncio que a França reconhece a Coalizão Nacional Síria como única representante do povo sírio e, logo, como futuro governo provisório de uma Síria democrática, para colocar fim ao regime de Bashar Assad”, disse o presidente francês, François Hollande, em entrevista coletiva -a primeira desde que assumiu o cargo.

“Sobre a questão de dar armas, a França não apoiava por não estar claro para onde essas armas poderiam ir”, disse Hollande. “Com a coalizão, já que é um governo legítimo da Síria, a questão será analisada não só pela França mas também por todos os países que reconheçam esse governo.”

O envio de armas aos rebeldes é uma questão controversa porque os países temem que elas caíssem nas mãos de radicais jihadistas da Síria. Os rebeldes lutam desde março do ano passado para derrubar Bashar Assad. O confronto já matou mais de 37 mil pessoas, de acordo com a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos.

Essa nova coalizão é dominada pelo maior grupo rebelde sírio, o Conselho Nacional Sírio (CNS) -que detém 22 das 60 vagas-, e presidida pelo clérigo moderado Ahmed Muaz al Khatib, 52, de Damasco. Os rebeldes passaram os últimos meses de confronto profundamente divididos, a despeito dos pedidos das potências ocidentais e árabes por unificação.

No entanto, como reconheceram os próprios dirigentes do CNS, esta nova aliança já nasceu enfraquecida pela ausência de grupos importantes.

O acordo estipula a criação de uma coalizão que contará com um corpo judicial em “zonas liberadas” dentro da Síria e que atuará como autoridade interina até uma hipotética derrocada de Assad, além de dar apoio a conselhos militares rebeldes.

Paris foi a primeira a reconhecer oficialmente o governo de transição da Líbia como uma alternativa ao ditador Muammar Gaddafi, também rompendo com seus parceiros europeus naquele momento. Gaddafi acabou preso e morto pelos rebeldes.

Em Washington, o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Mark Toner, afirmou que a nova coalizão é “uma representante legítima do povo sírio, um reflexo do povo sírio”, mas que precisa provar a capacidade de “representar os sírios dentro da Síria”.

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