Um par de olhos escuros e um olhar profundo por detrás de um véu não bastam para identificar a pessoa em uma foto para a carteira de habilitação no estado americano da Flórida. Por isso, negou-se a licença a Sultaana Freeman, 34, pois ela se recusou a ser fotografada sem o ?nigab? por motivos religiosos. O ?nigab? é o nome do tradicional véu usado pelas mulheres que seguem a religião islâmica e que se veste junto com o ?chador?, a clássica túnica que constitui sua vestimenta. O véu só pode ser retirado diante de familiares.
“Meus direitos religiosos foram violados”, disse Freeman, que vive em Winter Park, perto de Orlando. “Minha vida fica muito complicada se não posso dirigir para ir às compras e realizar todos os afazeres”. Ela fez a denúncia no Departamento Estatal Automotor.
“O estado da Flórida queria fotografá-la sem véu e exigia que o tirasse toda vez que a polícia lhe pedisse a carteira”, explica Randall Marshall, diretor legal da American Civil Liberties Union de Miami, que defendeu a posição da mulher. Segundo a ?sharia? (conjunto de normas a seguir para levar uma vida reta, estabelecida pelo Alcorão), as mulheres podem descobrir-se apenas diante de maridos, pais, sogros e filhos, entre outros membros da família.
Roberto Sanchez, porta-voz do Departamento de Segurança Viária e de Veículos na Flórida, frisa que o rosto descoberto na foto da carteira de habilitação é um imperativo para recebê-la. “Caso contrário, a foto nem precisaria constar no documento”. (ANSA).