Fórum mundial discute relação entre educação e violência

O Fórum Mundial de Educação 2006, realizado na Baixada Fluminense, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, desde a última quinta-feira, terá como um dos temas a relação entre educação e violência. O objetivo dos organizadores é avaliar o impacto, em sala de aula, de chacinas ocorridas na região.

Em 31 de março do ano passado, 29 pessoas foram assassinadas a tiros em Nova Iguaçu e em Queimados. Policiais militares foram presos sob suspeita de envolvimento no crime.

A especialista Salete Valesan Camba, do comitê organizador do fórum, disse que o Fórum vai estimular a análise de como professores e estudantes lidam com a questão da violência.

Ela disse que o foco não será apenas a violência armada, mas também na violência "subjetiva", que reforça a cultura do medo nas crianças e adolescentes a partir de agressões verbais e morais.

Fórum

Uma marcha intitulada Caminhada pela Educação como Direito e pela Paz abriu o evento. Durante quatro dias, os participantes do fórum debaterão o tema Educação Cidadã para uma Cidade Educadora.

A expectativa dos organizadores é que cerca de 20 mil pessoas participem do evento. O Fórum Mundial de Educação surgiu em 2001, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre.

Campanha

Entidades ligadas ao movimento negro e de direitos humanos lançaram em 21 de março, em São Paulo, a campanha Não Matem os Nossos Jovens: Eu Quero Crescer. A campanha é uma extensão do movimento iniciado em 1991, que usou como base dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para alertar a população sobre o número de jovens pobres e negros mortos no país.

A campanha, organizada pela Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), foi retomada para mostrar à população que o extermínio da população jovem negra não diminuiu e sim aumentou. O Conen pretende ainda pressionar os governos estaduais a elaborarem e desenvolverem políticas públicas específicas, voltadas para essa população.

Segundo um dos coordenadores do Conen, Julião Vieira, dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) mostram que a cada ano morrem, pelo menos, 30 mil jovens no Brasil. "A faixa etária é de 14 a 25 anos de idade e a grande maioria é de pobres, negros, moradores das periferias dos grandes centros urbanos de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e alguns estados da região Norte".

Segundo Vieira, a campanha pretende mostrar à população que, para construir uma nação igualitária, justa e democrática, é preciso manter a juventude viva. Sob a ótica do Conen, o governo estadual de São Paulo onde se inicia a campanha a ser ampliada para todo o país não tem cumprido com seu papel na recuperação e formação dos jovens que vivem nas periferias. "Não há nenhum programa ou projeto voltado para essa juventude. Muito pelo contrário. Não há ações para resolver o problema do extermínio, do desemprego da juventude".

Para reverter o quadro a Coordenação das entidades negras acredita ser necessária atenção especial à questão do trabalho, enfatizou Vieira. "Existe um número grande de jovens que se formam nas universidades e ensino técnico, mas não conseguem entrar no mercado de trabalho".

A campanha continuará em Salvador, onde será realizado um seminário nacional, previsto para maio, no qual os estados receberão informações sobre a necessidade de as entidades voltadas ao movimento negro realizarem ações públicas e reuniões com os secretários estaduais de segurança pública, educação e trabalho.

Museu

Começou a funcionar, desde a última terça-feira, em São Paulo, o primeiro museu brasileiro dedicado à língua portuguesa. Aos visitantes são ofertados diversos conteúdos, sobre linguagem, história da língua, idiomas que ajudaram a formá-la, formas que ela assume no cotidiano e criação da língua na literatura brasileira, entre outros assuntos.

O museu fica na Estação da Luz (praça da Luz, s/nº, centro) e vai funcionar de terça a domingo, das 10h às 18h. Seus visitantes poderão assistir a filmes, participar de audições de leitura e de outras atividades interativas. A entrada custa R$ 4 (inteira) e R$ 2 (estudantes).

A visita é orientada e inicia no terceiro andar, onde é apresentado um vídeo sobre o surgimento dos idiomas. Nesse piso também está localizada a Praça da Língua, com textos (projetados no chão de vidro) que introduzem o tema.

Os usos cotidianos do português falado no Brasil, a influência dos diferentes idiomas ao redor do mundo sobre nossa língua materna e uma linha do tempo – que demonstra a participação das línguas ameríndias e africanas na formação da língua portuguesa contemporânea -são os tópicos do segundo andar, abordados em um painel de 106 m com 11 projeções de vídeo simultâneas, em totens informatizados e até em um jogo "hi-tech", no qual o público manipula virtualmente sufixos e prefixos.

O primeiro pavimento é destinado a mostras temporárias, e a de abertura, criada por Bia Lessa, é uma homenagem aos 50 anos de Grande Sertão: Veredas, obra-prima de Guimarães Rosa. O fac-símile da primeira edição está lá na íntegra, em bandeiras penduradas que o espectador puxa até o chão para ler. São sete as formas de seguir a exposição, cada uma do ponto de vista de um personagem do livro – como Diadorim, Riobaldo e o Diabo. No mesmo piso, dez computadores permitem o acesso ao *, que entra no ar também na terça.

Tal iniciativa pode servir de inspiração para as administrações públicas municipais ou até mesmo à comunidade escolar, que pode criar museus que demonstrem as características da língua portuguesa falada localmente, com todas as suas peculiaridades.

*Endereço eletrônico do Museu da Língua Portuguesa: www.estacaodaluz.org.br 

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