Fome atinge 925 milhões com alta dos alimentos

O número de famintos do mundo dispara e os avanços em cortar a má nutrição nos anos 90 são praticamente desperdiçados. Nesta quarta-feira (16), o diretor-geral da FAO (a agência da ONU para Alimentação e Agricultura), Jacques Diouf, afirmou que o número de pessoas passando fome subiu de 850 milhões em 2006 para mais de 925 milhões em 2007. Se a atual tendência foi mantida, Diouf alerta que a meta de reduzir a fome pela metade apenas será alcançada em 150 anos.

O motivo seria a alta nos preços dos alimentos que atingiu populações em várias partes do mundo. Um total de 33 países na África, Ásia e América Latina foram incluídos na lista de locais onde a fome se transformou em uma crise. Nos últimos cinco anos, o preço médio dos alimentos no mercado internacional mais que dobrou. Apenas neste ano, a alta foi de mais de 50%. De 2005 para 2006, os preços subiram em 12%. No ano seguinte, a alta foi de 24%.

“O número de pessoas desnutridas antes da alta nos preços dos alimentos era de 850 milhões. Esse número aumentou durante o ano de 2007 em 75 milhões, atingindo 925 milhões”, alertou Diouf. O diretor da FAO fez o anúncio em um discurso diante do Parlamento Italiano.

Olivier de Schutter, relator da ONU para o Direito à Alimentação admite que os preços sofreram uma redução nos últimos dois meses. Mas destaca que os patamares vão permanecer elevados nos próximos anos. “A idéia de que os alimentos voltarão a ficar baratos não está em nosso radar”, afirmou. Para os mais de 1 bilhão de pessoas no mundo que ganham menos de US$ 2,00 por dia, esse incremento significou problemas reais na compra de alimentos.

Para Diouf, US$ 30 bilhões terão de ser investidos por ano para dobrar a produção de alimentos e eliminar a fome. Para ele, esse volume de investimentos é “modesto”, em comparação aos mais de US$ 100 bilhões em subsídios gastos no mundo por ano ou os US$ 1 3 trilhão de gastos em armas anualmente.

Em junho, líderes de todo o mundo se reuniram em Roma e voltaram a garantir que vão lutar para reduzir a fome pela metade até 2015, em comparação aos números de 2000. Os países ainda prometeram medidas urgentes e o Banco Mundial alertou que 100 milhões de novos pobres foram criados nos últimos meses diante da inflação. Segundo Diouf, porém, a meta de reduzir a fome pela metade teria de ser adiada para o ano 2150 se o atual cenário fosse mantido.