O candidato kirchnerista à presidência da Argentina, Alberto Fernández, disse na segunda-feira, 9, em entrevista ao canal TN, que pretende tirar o país da crise econômica marcada pela inflação e escassez de reservas com medidas similares a adotadas por Néstor Kirchner, de quem foi chefe de gabinete entre 2003 e 2007.

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O presidenciável argentino também adotou um tom conciliador e prometeu se aproximar de opositores da ex-presidente Cristina Kirchner.

Entre as medidas econômicas, Fernández prometeu manter o equilíbrio fiscal, ampliar as exportações para obter um superávit fiscal que favoreça a acumulação de reservas, um câmbio competitivo e combater a inflação.

Acordo para tirar Argentina da crise

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“Eu converso com todo mundo”, disse ele. “Precisamos de um acordo entre todos os setores da economia para conter as perdas salariais sem um aumento da inflação.”

O candidato kirchnerista prometeu também se aproximar de setores da indústria e do agronegócio – tradicionalmente avessos a Cristina – e uma relação melhor com a imprensa, com quem sua companheira de chapa viveu às turras nos oito anos de mandato.

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O objetivo dele, explicou, é fechar a “rachadura” – como os argentinos chamam a polarização política no país. “Eles não são meus inimigos”, disse. “São sócios da Argentina.”

Crítica a processo contra Cristina

Fernández também desmentiu rumores de que planeje uma reforma constitucional e criticou os processos aos quais Cristina responde na Justiça, que, segundo ele, não obedecem critérios imparciais. “Podemos defender pontos de vista de uma maneira civilizada e recuperar a possibilidade de diálogo”, disse.

Vantagem nas pesquisas

Fernández derrotaria o presidente argentino nas eleições de outubro por uma vantagem ainda maior do que a diferença esmagadora que ele obteve nas primárias de agosto, segundo três pesquisas divulgadas nesta segunda-feira, com números semelhantes.

Os dados publicados na segunda quebraram semanas de silêncio dos institutos de pesquisa, após as primárias, nas quais poucas sondagens acertaram a vitória arrasadora da chapa de centro-esquerda peronista sobre o governo – resultado que acelerou a crise de desconfiança de investidores.

Fernández, cuja colega de chapa é a ex-presidente Cristina Kirchner, deve obter 51,5% dos votos e Macri, 34,9%, segundo pesquisa da empresa Ricardo Rouvier & Asociados.

“O que vejo é uma consolidação do resultado das primárias”, disse o analista Julio Burdman, cuja consultoria Observatorio Electoral ainda está concluindo suas pesquisas de opinião.

Macri contra o tempo

A menos de dois meses da eleição, Macri tem a difícil missão de reverter o descontentamento com a crise econômica.

Alguns eleitores que em 2015 optaram pela mudança prometida por Cambiemos, em 2019 voltaram a apostar no peronismo. Se em 2015, Macri perdeu por uma diferença de pouco mais de 2 pontos porcentuais para o kirchnerista Daniel Scioli, ex-governador de Buenos Aires, desta vez a diferença foi bem maior.

Os resultados das últimas primárias indicam que 50,66% dos eleitores de província preferem Fernández, enquanto apenas 29,88% pretendem votar em Macri. Alberto Fernández é uma aposta da ex-presidente Cristina Kirchner.