Farc e Uribe não querem paz, diz ex-governador libertado

O ex-governador Alan Jara, libertado nesta terça-feira (3) após permanecer sete anos refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), afirmou que nem o governo do presidente Álvaro Uribe nem os rebeldes querem a paz no país. As Farc soltaram Jara, em uma medida unilateral. Uribe visitou na noite de terça Jara e sua família, na casa dele. O presidente dialogou por 1h45 na residência e em seguida se dirigiu à imprensa e às pessoas reunidas em frente à residência.

Uribe assegurou que respeita as declarações de Jara. “O que queremos é que se sinta alegre com seus compatriotas”, disse o presidente. Uribe fez novo chamado às Farc: “Estamos prontos para a paz, não para o engano. Estamos prontos para o acordo humanitário, não para reforçar o terrorismo.” Uribe afirmou que as forças oficiais manterão o “cerco humanitário”, mecanismo para pressionar a guerrilha, para que seja obrigada a libertar mais de 20 reféns das forças de segurança, alguns deles há 11 anos sequestrados. “Tenho a responsabilidade com os colombianos de não deixar nos enganar pelos terroristas”, disse o presidente.

Mais cedo, Jara, em entrevista coletiva, disse que “as Farc não estão acabadas mesmo”. Para ele, enquanto houver pobreza e o cultivo de drogas ilícitas no país, haverá jovens candidatos a ingressar na guerrilha, como meio de sobrevivência. “Parece que ao presidente Uribe convém a situação de guerra vivida no país e parece que as Farc, e esta é a perversidade, gostam que Uribe esteja no poder porque sempre ocorrem fatos em uma ou outra direção que apontam para o mesmo: que o intercâmbio (de reféns por rebeldes presos) não avance, nem a possibilidade do diálogo político”, afirmou Jara. O ex-governador de Meta disse que nunca tratou, durante o cativeiro, com os chefes das Farc.

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