Membros do Exército colombiano se encontraram cara a cara pela primeira vez nesta sexta-feira com rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). As negociações para dar fim a um conflito de quase meio século entram em uma fase decisiva, com o governo decidindo se garantirá a anistia dos militantes pelos crimes cometidos no passado.

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Os diálogos pela paz com as Farc, que ocorrem na capital de Cuba, Havana, há pelo menos dois anos, ainda devem esbarram em diversos obstáculos. Os colombianos, que terão o direito de escolher se aceitam o acordo entre as partes em um referendo, temem que as atrocidades cometidas pelos combatentes não sejam punidas.

Mas refletindo o otimismo crescente de que um acordo está ao alcance, o presidente recém-reeleito, Juan Manuel Santos, decidiu enviar algumas das autoridades militares mais condecoradas da Colômbia a Havana para darem início a discussões informais sobre como executar o processo para acabar com as hostilidades e chegar a um eventual cessar-fogo.

Liderando a delegação está o comandante das juntas militares colombianas, general Javier Flores. Ele é um dos maiores adversários das Farc e ganhou medalhas ao chefiar uma unidade de elite treinada nos EUA que eliminou vários membros do comando do grupo rebelde, incluindo o temido líder militar Victor Julio Suarez, mais conhecido pelo apelido Mono Jojoy.

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Os negociadores quase não revelaram detalhes sobre o encontro e as autoridades voltaram na noite desta sexta-feira a Bogotá. Mas o líder da equipe de negociação rebelde, Ivan Marquez, disse que a presença de autoridades era uma “notícia excelente” que evidencia o progresso do diálogo.

“É de um valor irrepreensível que, pela primeira vez, representantes ativos das forças armadas de cada lado estejam sentados à mesa em condições iguais”, disse Marquez. “Vamos nos livrar de nossos uniformes”, pediu.

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Nem todos, porém, celebraram o envolvimento militar nos diálogos. O ex-presidente colombiano, Alvaro Uribe, que liderou a oposição nos diálogos de paz, criticou Santos no Twitter, dizendo que a moral das tropas sofreria como resultado. “Não há tratamento pior para soldados e policiais do que colocá-los no mesmo nível de terroristas”, ele comentou.

O negociador chefe do governo, Humberto de la Calle, alertou que a presença de representantes do Exército sem uniforme não significava de maneira nenhuma que o governo estava cedendo às demandas dos rebeldes para que as operações militares parem enquanto as conversas continuam. “Deixe-me ser absolutamente claro: nós não estamos negociando um cessar-fogo neste momento”, ele disse. Fonte: Associated Press.