Ex-primeira-ministra Tymoshenko completa um ano na prisão

Condenada a sete anos de prisão por abuso de poder, a prisioneira mais famosa da Ucrânia, a ex-primeira ministra Yulia Tymoshenko, que na última segunda-feira foi designada como líder de chapa da oposição nas eleições parlamentares do dia 28 de outubro, completou neste domingo um ano em regime penitenciário.

No dia 5 de agosto de 2011, a ex-chefe do Governo ucraniano foi presa preventivamente por sistemáticos desacatos ao tribunal que a julgava por assinar, em 2009, contratos no setor de gás com a Rússia que foram qualificados como onerosos pelo atual Executivo do país.

Dois meses depois, a justiça do país emitiu uma sentença condenatória contra a opositora, e poucos dias antes do Ano Novo Tymoshenko foi levada ao presídio feminino da cidade de Kharkiv, no leste do país.

O encarceramento de Tymoshenko gerou a quase declarada inimizade do Ocidente, sobretudo a União Europeia (UE), ao presidente Viktor Yanukovich e seu governo.

Kiev está cada vez mais afastada de Bruxelas e de seu plano de se aproximar da UE por meio da assinatura do Acordo de Associação, que beneficiaria a Ucrânia muito além de um tratado de livre-comércio.

A Europa, no entanto, condicionou o acordo à liberdade de Tymoshenko, e exigiu que a líder opositora possa concorrer às eleições legislativas de outubro, o que se mostra difícil devido às leis ucranianas e à recusa da própria ex-primeira ministra de pedir indulto a Yanukovich.

Essa determinação de não libertá-la faz com que muitos analistas acreditem que o encarceramento de Tymoshenko é o que mais convém à própria opositora do ponto de vista político.

“Yulia Tymoshenko fez de tudo para que a prendessem para fazer da prisão sua tribuna, porque a voz de um político é melhor escutada de uma cela do que do Parlamento”, disse à agência russa “Ria Novosti” Dmitri Vídrin, analista político ucraniano.

A Ucrânia, enquanto isso, nada faz a não ser colecionar desgostos e situações diplomáticas desconfortáveis por conta da situação de sua prisioneira mais famosa.

“Se Tymoshenko estivesse em liberdade, as autoridades não teriam muitos dos problemas internacionais cujas consequências sofrem na atualidade”, indicou o diretor do Centro de Pesquisas Políticas de Kiev, Mikhail Pogrebinski.

Em maio, a Ucrânia se viu obrigada a suspender a cúpula de países da Europa Central em Yalta depois que vários líderes recusaram comparecer ao encontro.

Um mês depois, a Eurocopa de futebol, coorganizada com a Polônia, transformou em outra vitrine de problemas diplomáticos após a recusa de alguns chefes de Estado e de Governo do Velho Continente a assistir às partidas de suas seleções que foram realizadas no país

A própria condenada acompanha o espetáculo político gerado em torno de sua figura em uma clínica de Kharkiv, na qual é tratada desde maio, por médicos alemães, de seus problemas de coluna. Seu delicado estado de saúde, por sinal, se transformou em um argumento de peso para reiteradas ausências no segundo processo penal que enfrenta.

Na segunda-feira passada, a justiça adiou pela sexta vez o julgamento no qual a Procuradoria a acusa de causar prejuízo de US$ 3,75 milhões ao Estado durante sua etapa à frente da estatal Sistemas Energéticos Unidos da Ucrânia (SEUU) em meados dos anos 90.

Um dia antes, seus correligionários a designaram como cabeça de chapa da coalizão Oposição Unida (OU) para as eleições parlamentares que serão realizadas em outubro.

Todos os analistas concordam, no entanto, que ela será expulsa das listas eleitorais já na fase de registro dos partidos para o pleito, já que uma pessoa presa não pode concorrer, segundo as leis ucranianas.

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