Ex-ministros de Saddam são condenados no Iraque

O ex-ministro de Relações Exteriores de Saddam Hussein, Tariq Aziz, foi condenado nesta quarta-feira (11) por crimes contra a humanidade e sentenciado a 15 anos de prisão. Aziz foi punido pela execução em 1992 de 42 comerciantes acusados de vender alimentos com preços excessivos, enquanto o Iraque estava sob sanção das Nações Unidas. O ex-ministro de Interior Watban Ibrahim al-Hassan e o ex-diretor de segurança pública Sabawi Ibrahim foram sentenciados à morte.

Já “Ali Químico”, um primo de Saddam, também pegou 15 anos de prisão por seu envolvimento com a execução dos comerciantes. Foi a terceira pena de morte recebida pelo primo de Saddam por crimes cometidos durante o regime do ex-ditador.

Esta foi a primeira condenação contra Aziz, que durante anos foi o rosto do regime iraquiano para o Ocidente. O julgamento de hoje ocorre uma semana depois de Aziz ser inocentado por suposta responsabilidade em uma violenta repressão a manifestantes xiitas, após o assassinato em 1999 de um reverenciado clérigo, o grande aiatolá Mohammed Sadeq al-Sadr – o pai do clérigo radical Muqtada al-Sadr.

Aziz, o único cristão no regime dominado por muçulmanos sunitas de Saddam, tornou-se internacionalmente conhecido por defender o líder durante a Guerra Irã-Iraque, entre 1980 e 1988, a invasão iraquiana no Kuwait, em 1990, a Guerra do Golfo, em 1991, e às vésperas da invasão liderada pelos Estados Unidos, em 2003, que derrubou o governo iraquiano. Aziz se entregou para as forças norte-americanas em 25 de abril de 2003.

O júri começou em abril do ano passado e tratava da execução de 42 comerciantes acusados de aumentar excessivamente os preços de alimentos, quando o país enfrentava dificuldades com as sanções impostas pela ONU. Os comerciantes foram acusados de manipular os estoques de alimentos, lucrando em um momento de crise. Todos foram executados horas depois.

O juiz Raouf Abdul-Rahman, um curdo que sentenciou Saddam à morte por enforcamento, presidiu o julgamento. Abdul-Rahman disse que o ex-presidente do Banco Central Issam Rashid Hweish foi inocentado por falta de provas.