Ex-líder das Farc diz que desconhece laços de Chávez com a guerrilha

A guerrilheira Nelly Ávila Moreno, conhecida como Karina, que desertou das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), assegurou nesta terça-feira (20) que nunca soube de acordo do grupo com os governos da Venezuela e do Equador. As informações são da BBC Brasil.

"Admiramos o presidente [venezuelano] Hugo Chávez, mas não conheci acordos, negociações ou qualquer outra coisa desse tipo com ele, até mesmo com o presidente [equatoriano] Rafael Correa" afirmou a líder em conversa telefônica com uma rádio local.

A ex-dirigente das Farc disse ainda que sua rendição "foi um golpe muito duro" para a guerrilha e anunciou que irá colaborar com a justiça colombiana em troca de benefícios legais.

A rebelde negou ser a autora dos inúmeros crimes atribuídos a ela. Há pelo menos 24 anos nas Farc, Karina é acusada de participação no assassinato de Alberto Uribe, pai do atual presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, em 1983 o que ela nega. "Não sei quem matou o pai do presidente", disse. "Não tenho as mãos sujas nesse caso."

"Essa fama foi criada pela imprensa. Às vezes, não se investiga bem e criam um estereótipo", disse a ex-comandante.

Karina está em uma dependência oficial de Medellín, capital do departamento (estado) de Antioquia (noroeste da Colômbia), onde foi apresentada pelos órgãos militares e de inteligência estatal aos meios de comunicação.

Quando perguntada sobre os crimes que cometeu na guerrilha, ela se recusou a dizer quantos foram. "Darei essa informação s autoridades, vou colaborar com a Justiça", disse. Karina contou que entrou na guerrilha porque "gostava de armas" e revelou que sua família foi vítima de violência. Ela admitiu ter matado pessoas em combate mas afirmou não ter cometido nenhum assassinato a sangue frio.

O governo da Colômbia, no entanto, acusa a guerrilheira de ter comandado massacres como a tomada de um batalhão em Juradó, no litoral do Pacífico colombiano, em 1999, quando morreram 25 soldados colombianos. Em 2005, ela chefiou um ataque polícia na cidade de San Marino, no noroeste da Colômbia, que terminou com oito mortos.

Aos 40 anos, Karina era comandante da Frente 47 das Farc, que chegou a ter cerca de 300 guerrilheiros e hoje não passa de 50. "Essa era uma das frentes mais ativas e mais violentas", explicou ministro do Interior e da Justiça colombiano, Carlos Holguín. O ministro afirmou também que a guerrilheira estaria disposta a entregar outros membros do grupo. Ela pode entrar no programa do governo que beneficia com pena máxima de oito anos de prisão os guerrilheiros que confessam seus crimes.

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