Ex-ditador uruguaio acredita que irá “morrer na cadeia”

Montevidéu – O ex-ditador uruguaio Gregório Alvarez (1981-1985) disse que acredita que morrerá na cadeia e anunciou que na prisão falará "de todos os temas" e sobre "a verdade histórica".

Alvarez também negou sua responsabilidade nas transferências clandestinas de presos políticos da Argentina ao Uruguai, crime definido como desaparecimento forçado, pelo qual enfrenta um julgamento.

Em entrevista publicada nesta quinta-feira (6) pela revista Búsqueda, o ex-ditador afirmou: "vou morrer na cadeia" – ainda que diga estar enfrentando o julgamento "com grande tranqüilidade de consciência".

O juiz Luis Charles suspendeu ontem o processo contra Alvarez, depois que seu advogado, Carlos Curbelo Tammaro apresentou um recurso alegando inconstitucionalidade contra a lei de 2006 que instituiu o crime de desaparecimento forçado, pelo qual a procuradora Mirtha Guianze entrou com um pedido de processo contra o ex-ditador, que pode ser condenado a 25 anos de prisão.

A respeito da transferência clandestina de prisioneiros da Argentina ao Uruguai, onde teriam sido executados e enterrados em unidades militares, Alvarez disse: "Se fosse eu que os tivesse trazido, se os aviões e barcos que os trouxeram dependessem de mim, seria responsável. Mas eu não tinha barcos nem aviões".

Também disse desconhecer "absolutamente" o Plano Condor, operação de coordenação entre as ditaduras do Cone Sul, e apontou que soube dele pela imprensa.

Alvarez, de 82 anos, exercia o comando geral do Exército em 1977 e 1978, quando aconteceram as transferências, e em setembro de 1981 – 30 meses após sua aposentadoria – foi nomeado presidente de fato.

"Tenho a consciência limpa como governante e como militar", insistiu o ex-ditador.

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