Analistas de inteligência e investigadores militares dos EUA estão examinando destroços na Arábia Saudita para tentar obter origem e trajeto de voo dos mísseis lançados contra uma refinaria e um campo de petróleo, no fim de semana. Os ataques foram reivindicados pelos rebeldes houthis, que lutam no Iêmen, mas tanto sauditas quanto americanos responsabilizam o Irã – que nega envolvimento.

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Além das imagens de satélite do campo de petróleo e da refinaria da Aramco, que paralisou metade da produção do país, rotas encontradas por radar também estão sendo revisadas. O mais importante, porém, ainda são as partes dos mísseis encontradas nos locais – um deles está quase intacto, segundo autoridades americanas.

Nesta terça-feira, 17, ao site BBC, oficiais americanos afirmaram que já identificaram que os mísseis foram lançados do sul do Irã. Segundo relatos, os sauditas não conseguiram interceptar os disparos porque o sistema de defesa está apontado para o sul, na direção do Iêmen.

A Casa Branca, que não confirmou oficialmente a informação, discute qual ação retaliatória tomar e se a resposta passaria a impressão de submissão à Arábia Saudita, criticada pela violação de direitos humanos, especialmente após a morte do jornalista Jamal Khashoggi, um dissidente brutalmente assassinado no consulado saudita em Istambul, em outubro do ano passado.

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Trump já foi criticado por não ter dado uma resposta dura ao governo saudita – Khashoggi vivia nos EUA. Desta vez, o presidente americano disse que não faria nada antes de a Arábia Saudita determinar oficialmente a autoria do ataque.

Na segunda-feira, o secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, e o general Joseph Dunford, chefe do Estado-Maior, apresentaram um leque de opções militares a Trump, incluindo ataques a centros de lançamento de mísseis, ciberoperações secretas e a destruição da infraestrutura petrolífera do Irã.

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Uma grande preocupação é assegurar que qualquer ataque seja proporcional e não aumente o conflito, particularmente na véspera da abertura da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Autoridades americanas afirmam não ter dúvidas de que foi o Irã e apontam para a tecnologia e os componentes dos vetores encontrados – ainda que os houthis tenham reivindicado a autoria dos ataques.

Viagem

Para “analisar uma resposta” aos ataques do fim de semana, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, viajou ontem à Arábia Saudita. Mesmo diante da necessidade de uma resposta militar, caso seja comprovado o envolvimento iraniano, em conversas privadas, o Pentágono tenta diminuir a tensão e evitar uma guerra sangrenta contra o Irã, no momento em que o governo americano tenta encerrar conflitos no Oriente Médio, no Afeganistão e enfrenta uma disputa comercial com a China.

Nesta terça, o ministro da Energia da Arábia Saudita, o príncipe Abdel Aziz bin Salmán, anunciou que a produção de petróleo do país será restabelecida até o fim do mês. “A produção voltará a normalidade até o final de setembro”, garantiu o ministro a jornalistas, reforçando que o país já havia recuperado a metade da produção perdida com o ataque – equivalente a 5,7 milhões de barris diários, que representam 6% da produção mundial. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.