Empresa chinesa diz que processará “NYT”

O conglomerado chinês Ping An Insurance Group deve acionar a Justiça depois que o “New York Times” publicou uma reportagem no último sábado mostrando que parentes do premiê Wen Jiabao adquiriram ações da seguradora, que depois renderam exponencialmente, abaixo do preço de mercado.
O jornal insinua que a compra foi possível após a empresa ter conseguido com Wen, então vice-premiê, um acordo que impediu a dissolução da Ping An em 1999. A dissolução foi imposta pelo governo a diversas companhias que corriam o risco de ir à falência devido à crise asiática.
Sem mencionar diretamente o jornal americano, a Ping An disse em comunicado que notícias publicadas recentemente sobre a empresa possuíam “sérias imprecisões, com fatos sendo distorcidos e tirados de contexto” e que iria “tomar ações legais proporcionais aos prejuízos e impactos negativos causados”.
Acordo lucrativo
Segundo a reportagem do “NYT”, em 1999, durante a crise financeira asiática, o presidente da seguradora Ping An Insurance, Ma Mingzhe, entrou em contato com o então vice-premiê chinês, Wen Jiabao, e o chefe do banco central do país, Dai Xianglong, pedindo que a companhia não fosse dissolvida, o que foi concedido.
Em dezembro de 2002, a Taihong, empresa que viria a ter participação de parentes de Wen, comprou ações da Ping An da estatal chinesa Cosco (que atua no transporte marítimo), pagando, por cada ação, US$ 0,40. No entanto, em outubro do mesmo ano, o banco HSBC havia pago US$ 1,60 por cada ação, ou seja, quatro vezes o valor pago mais tarde pela Taihong.
Nos anos seguintes, os valores das ações da Ping An renderam enormemente. Atualmente, o grupo é avaliado em US$ 50 bilhões.
Em comunicado anterior ao “NYT”, a seguradora afirmou cumprir todos os regulamentos, mas não saber as origens de todas as entidades por trás de seus acionistas.
A reportagem faz parte de uma série, iniciada em outubro, que mostra a evolução patrimonial de Wen Jiabao, cuja família, de origem modesta, acumulou US$ 2,7 bilhões de 1999 até hoje.

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