Os manifestantes pró-democracia de Hong Kong saíram às ruas para protestar contra Pequim nesta terça-feira, 1º de outubro, no dia em que a China comemora o aniversário de 70 anos da Revolução Comunista. Houve confrontos entre a polícia e ativistas, e ao menos 51 pessoas ficaram feridas.

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Um manifestante foi baleado no distrito de Tseun Wan. Essa foi a primeira vez que alguém foi ferido por arma de fogo desde o início da onda de protestos. A vítima é um estudante de 18 anos. Ele foi atingido no ombro, segundo a polícia.

Manifestantes utilizaram coquetéis molotov, e a polícia respondeu com bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água. De acordo com a CNN, 51 pessoas ficaram feridas. Ao menos 15, com idades entre 18 e 52 anos, foram hospitalizadas.

A RTHK, emissora pública de Hong Kong, retirou alguns repórteres das ruas depois que um deles ficou ferido levemente na cabeça, logo acima do seu olho direito, durante os confrontos.

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Uma fonte policial citada pela publicação confirmou que os agentes dispararam várias vezes a esmo no distrito de Tsuen Wan e que um dos tiros atingiu um homem. A justificativa para o disparo seria que o agente que atirou e sua unidade haviam sido atacados durante os confrontos na cidade.

“Um agente atirou depois de ser atacado e o manifestante foi atingido no peito no distrito de Tsuen Wan”, afirmou a fonte, que não quis se identificar.

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A vítima foi atendida por policiais antes da chegada do serviço de emergência, que o encaminhou a um hospital. Este é o primeiro manifestante baleado durante os protestos. Em agosto, a polícia efetuou disparos para o alto, mas ninguém foi atingido.

Em um vídeo compartilhado nas redes sociais é possível ver um jovem que se identifica como Tsang Chi-kin no chão, com sangue no peito. “Me dói o peito, me levem a um hospital. Preciso ir ao hospital”, pede ele.

Manifestações em Hong Kong começaram em junho

Mobilizados desde junho, os manifestantes alegam que a China viola o princípio “um país, dois sistemas”, estabelecido no momento em que o Reino Unido devolveu o território para a China em 1997.

Em 9 junho, uma série de manifestações populares pró-democracia no território semiautônomo motivada por um projeto de lei que previa a extradição de cidadãos de Hong Kong para julgamento na China.

Aos poucos, a pauta de reivindicações se ampliou incluindo a resistência contra a crescente influência da China no território semiautônomo e a dura oposição contra o governo local que é acusado de ser Pró-Pequim.

No início de setembro, a chefe-executiva de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou a retirada completa do projeto, que já tinha sido suspenso no início de junho, em uma tentativa de conter os protestos. O anúncio, porém, não foi suficiente para conter a onda de manifestações.

A crise é a mais severa em Hong Kong desde 1997, quando o território semi-autônomo foi devolvido pelo Reino Unido à China.

Celebrações na China

Milhares de manifestantes foram às ruas nesta terça para protestar, mesmo sem autorização policial, para celebrar o que chamam de “dia de luto nacional”, enquanto a China comemora o 70.º aniversário da fundação da República Popular.

Contudo, alguns manifestantes optaram por táticas mais radicais ao invés do protesto pacífico, e os enfrentamentos violentos com a polícia são quase diários.

Os protestos, que se converteram em massivas manifestações em junho em razão de um polêmico projeto de lei que previa extradições à China, são registrados há quatro meses na região semi-autônoma.

As ações se transformaram em um movimento que busca melhorar os mecanismos democráticos que regem o território e uma oposição ao autoritarismo de Pequim. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS