Egípcios vão às urnas em segundo dia de votação de referendo

Os egípcios começaram a votar hoje na segunda e última fase do referendo sobre a constituição que polarizou o país. Ainda não há sinais de que o resultado vá encerrar a crise política na qual o país está imerso.

A votação acontece um dia depois que grupos de oposição e partidários do presidente Mohamed Mursi voltaram a se enfrentar em Alexandria, no norte do Egito.

O ato de ontem teve início em frente à maior mesquita da cidade. Pouco após a oração do meio-dia, um grupo vinculado à Irmandade Muçulmana, a que pertence Mursi, se enfrentou com opositores, jogando pedras uns contra os outros, apesar do cordão de isolamento montado pela polícia para evitar confrontos.

Os agentes foram obrigados a intervir, lançando gás lacrimogêneo para tentar dispersar o grupo. Os enfrentamentos são os primeiros de um dia de manifestações de islâmicos em apoio ao presidente e opositores contrários à consulta sobre a Constituição, inclusive na capital Cairo.

Nas últimas semanas, algumas dessas marchas terminaram de forma violenta. A mais grave foi no dia 5, quando sete pessoas morreram e mais de 700 ficaram feridas após confrontos entre partidários da Irmandade Muçulmana e opositores próximo ao palácio presidencial.

O texto, aprovado no último dia 30 pela Assembleia Constituinte dominada por islâmicos, é uma das causas dos protestos de opositores ao novo governo, que acontecem há um mês. Em 22 de novembro, Mursi emitiu três decretos que aumentaram seus poderes e diminuíram a função da Justiça, desatando o início de protestos de grupos liberais e islâmicos moderados.

Os opositores dizem que o texto esmaga os direitos das minorias, incluindo os cristãos, 10% da população.

Votação

Os atos acontecem na véspera do segundo dia de votação do referendo sobre a nova Constituição. Na semana passada, os egípcios de dez áreas, incluindo o Cairo e Alexandria, votaram a favor ou contra o projeto da lei máxima.

Desta vez, outras 17 localidades receberão a votação. Na segunda fase da votação, é provável que o “sim” amplie a sua vantagem, já que a consulta será em localidades consideradas mais favoráveis aos islamistas, dizem analistas, indicando que a Constituição será endossada pelos eleitores.

Se a Constituição for rejeitada, uma nova assembleia será formada para elaborar uma nova versão, num processo que pode levar até nove meses.

Uma vitória apertada, se confirmada, daria ao presidente pouco motivo para festa, uma vez que isso evidenciaria uma ampla divisão em um país onde ele precisa construir um consenso sobre medidas duras para corrigir uma economia frágil.

O partido da Irmandade Muçulmana, que levou Mursi ao poder na eleição de junho, afirmou que 56,5% dos eleitores apoiaram a Carta. Mas os resultados oficiais só devem ser divulgados depois da próxima etapa de votação, que será realizada na semana que vem.

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