Cairo, 06 – Milhares de pessoas realizaram um protestos no centro do Cairo nesta sexta-feira em apoio a Hazem Abu Ismail, candidato salafista à presidência do Egito que pode ser retirado da disputa porque sua mãe tinha cidadania norte-americana.

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Pela lei eleitoral do país, todos os candidatos à presidência, seus pais e esposas devem ter apenas cidadania egípcia.

“As pessoas querem Hazem Abu Ismail! Não à manipulação!”, gritavam os manifestantes após caminharem pelo centro do Cairo até a praça Tahrir, epicentro do levante de 2011 que derrubou o presidente Hosni Mubarak.

Os manifestantes, dentre os quais havia mulheres vestidas com o véu islâmico, carregavam fotografias de Abu Ismail e levantavam os braços em condenação às tentativas de desqualificação do candidato.

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Abu Ismail lançou sua candidatura em 30 de março com uma grande carreata que terminou na sede da comissão eleitoral, no Cairo.

O chefe da comissão, Hatem Begato, disse na quinta-feira que a agência havia recebido informações que a mãe de Ismail “havia usado um passaporte norte-americano para viajar para e a partir do Egito” antes de morrer.

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Arquivos serão examinados nos dias 12 e 13 de abril e qualquer candidato que não se enquadrar nos requisitos será informado, disse a comissão. Os recusados terão 48 horas para fazer uma apelação, antes do anúncio da lista final de candidatos, em 26 de abril.

Abu Ismail defende uma rígida interpretação do Islã, semelhante à praticada na Arábia Saudita, e se tornou uma figura conhecida no Cairo, já que pôsteres seus adornam muitos carros e micro-ônibus.

A eleição presidencial de maio vai marcar o início da entrega do poder pelos militares e a eleição de um líder civil, após o levante que derrubou Mubarak.

Abu Ismail deve concorrer com candidatos islamitas mais moderados, como Khairat El-Shater, da Irmandade Muçulmana, assim como pessoas ligadas ao antigo regime como Amr Mussa, que foi ministro de Relações Exteriores.

Os islamitas fizeram grandes avanços desde a queda de Mubarak, conquistando a maioria nas duas casas do Parlamento.

O Partido da Liberdade e da Justiça, braço política da Irmandade Muçulmana, conquistou a maior parte dos assentos nas eleições parlamentares no início do ano, mas os salafistas conseguiram, sozinhos, quase um quarto das cadeiras. As informações são da Dow Jones. (Priscila Arone)