Em plena escalada da tensão entre a Argentina e o Reino Unido pela soberania das Ilhas Malvinas, a presidente argentina Cristina Kirchner decidiu realizar visita oficial ao Chile nos dias 15 e 16 de março. A viagem já havia sido postergada duas vezes e foi anunciada um dia após notícia de uma ligação telefônica do primeiro ministro britânico, David Cameron, ao presidente chileno, Sebastián Piñera. Na conversa, Piñera teria confirmado o apoio do Chile à causa argentina, segundo informou o jornal chileno La Tercera. Porém, o governo britânico prepara uma visita do chanceler William Hague ao Chile nas próximas semanas.

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Fontes do governo disseram à imprensa chilena que Piñera e Cameron conversaram sobre a posição de cada país sobre o conflito envolvendo o arquipélago. E ambos respeitaram suas respectivas opiniões sobre o assunto. Em dezembro, o Chile se uniu aos demais países do Mercosul no apoio à decisão argentina de não permitir embarcações com bandeira das Malvinas (Falkland para os ingleses) em seus portos. Durante a ligação, Cameron confirmou visita ao Chile, no início de 2013 por ocasião da reunião de cúpula da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e União Europeia.

Segundo nota do Ministério de Relações Exteriores da Argentina, Cristina vai viajar acompanhada por uma “importante delegação” para realizar reuniões de trabalho com o Piñera e discutir assuntos da agenda bilateral e regional. O Chile é uma peça fundamental na disputa, já que o único voo ao arquipélago sai do território chileno, em Punta Arenas, com escala em El Calafate, na Patagônia argentina. Desde o fim do ano passado, a presidente argentina trabalha fortemente para conquistar apoios para obrigar o Reino Unido a negociar a soberania das Malvinas.

A tensão entre os dois países tem se aprofundado com a proximidade do aniversário de 30 anos da Guerra das Malvinas, no dia 2 de abril. Nesta quarta-feira (15), o governo argentino soube que integrantes da Comissão de Defesa do Parlamento britânico vão visitar as Ilhas Malvinas no próximo mês para inspecionar as atividades militares no arquipélago. A informação que foi publicada pelos jornais The Times e The Guardian, não indicou nenhuma data para a viagem, mas especificou que o objetivo é conhecer as instalações militares da base de Mount Pleasant. A decisão dos parlamentares foi tomada após apresentação de denúncia do governo argentino junto à Organização das Nações Unidas (ONU) de uma “militarização do Atlântico Sul”. Em nota, a chancelaria argentina afirmou que a presença dos parlamentares britânicos “é uma confirmação das prioridades do Reino Unido, que corroboram as denúncias realizadas pela Argentina”.

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“As Ilhas Malvinas têm sido transformadas pelo Reino Unido em uma peça chave de um sistema de bases militares a milhares de quilômetros de Londres para o controle do Atlântico Sul, os acessos interoceânicos e a projeção à Antártida, assegurando também, desta forma, a exploração dos recursos naturais do Atlântico Sul que pertencem ao povo argentino”, disse a nota.

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