A Corte de Apelações de Milão confirmou nesta quarta-feira, 22, a sentença de prisão perpétua dada em 1993 a Cesare Battitsti, ex-líder do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). A decisão rejeita o pedido dos advogados de defesa, que queriam uma pena de 20 anos de reclusão, com base no acordo de extradição firmado entre Itália e Brasil. Os juízes estabeleceram, no entanto, que a condenação não impede Battisti de solicitar benefícios após cumprir 10 anos de cadeia – o que ocorreria em 2023.

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Levando-se em conta períodos de detenção anteriores, incluindo prisões preventivas no exterior, de acordo com a lei italiana, Battisti já ficou seis anos e meio preso. Isso permite que os dez anos previstos para que ele peça benefícios se reduzam para três anos e meio. O relaxamento da prisão poderia incluir saídas temporárias de até 45 dias por anos. Caberá à magistratura de vigilância, que monitora o sistema prisional, avaliar se Battisti terá direito aos privilégios.

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Em março, Battisti admitiu ter participado como mandante ou executor do assassinato de quatro pessoas nos anos 70. Em seu depoimento ao promotor Alberto Nobili, o ex-líder do PAC reconheceu todas as acusações e pediu desculpas às famílias das vítimas. “Foi uma guerra justa, mas agora peço desculpas”, disse.

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Por mais de 40 anos, Battisti viveu foragido da Justiça italiana. Ele esteve no México e na França, sob proteção do presidente socialista François Mitterrand – segundo acordo, os ex-guerrilheiros italianos que renunciassem ao terrorismo e às armas não seriam extraditados.

Em 2005, a França acabou com a Doutrina Mitterrand, mas Battisti já havia escapado. Em 2004, ele chegou ao Brasil, onde viveu livre até 2007. Preso em ação conjunta da Polícia Federal, de autoridades italianas e francesas, o ex-guerrilheiro italiano cumpriu prisão preventiva na penitenciária da Papuda, em Brasília até 2010.

O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), que julgou procedente um pedido do governo da Itália por sua extradição, mas determinou que a última palavra fosse do presidente – na época, Luiz Inácio Lula da Silva, que negou o envio de Battisti para a Itália.

Após o impeachment de Dilma Rousseff, o caso voltou a virar notícia, quando o governo italiano passou a pressionar o presidente Michel Temer para que ele revisasse a decisão de proteger Battisti.

Quando Temer autorizou a extradição, no fim do ano passado, o ex-guerrilheiro havia fugido para a Bolívia. Após várias operações, ele foi preso em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, em janeiro, por uma equipe da Interpol formada por agentes italianos e brasileiros . De lá, foi extraditado para a Itália, sem passar pelo Brasil.