Controle cambial na Venezuela ameaça futuro de jornais

Os jornais da Venezuela afirmam que o governo do presidente Nicolás Maduro está impedindo o acesso à moeda estrangeira que precisam para comprar papel para jornal.

Ao menos 12 jornais fecharam recentemente e outros 15 estão em perigo de deixarem de operar nas próximas semanas a não ser que consigam mais papel, disse o grupo de advocacia Espacio Publico. “Eles querem nos calar”, acusou Carlos Carmona, presidente do jornal El Impulso.

O Ministério da Informação da Venezuela se recusou a comentar. Autoridades da administração de Maduro também evitaram comentar publicamente sobre a falta de papel para jornal.

O papel para imprimir é um dos muitos produtos na Venezuela que se tornou escasso por causa da inabilidade dos importadores de obterem dólares, pressionados por um rígido controle estatal para valorizar o bolívar, a moeda local.

Advogados da imprensa afirmaram que a falta de dólares ameaça o equilíbrio do poder político, uma vez que os jornais estão entre as poucas vozes remanescentes de oposição ao governo de Nicolás Maduro.

Carlos Lauria, membro do Committee to Protect Journalists, um grupo de advogados de Nova York, disse que o controle cambial do governo não parece ter como alvo os jornais, mas ressaltou que Maduro também não faz nada para resolver o problema, o que convencionalmente favorece o atual partido no poder. “O que está em perigo aqui é o direito dos cidadãos serem informados em um contexto onde tem havido golpe atrás de golpe à liberdade de expressão.”

O governo de Maduro tem mantido um apertado controle de oferta de dólares aos importadores por conta da falta de moeda norte-americana no país. Por conta disso, o dólar no mercado negro vale 12 vezes mais bolívares que a taxa de câmbio oficial.

O jornal mais antigo da Venezuela, o El Impulso, pode fechar as portas neste mês, após 110 anos de circulação. Sem a entrada de dólares desde setembro de 2012, o diário já foi reduzido para 20 páginas, de modo a racionar o papel. O jornal pró-governo Diario Vea também pode deixar de circular. Fonte: Dow Jones Newswires.

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